A Justiça Federal no Paraná condenou oito pessoas ligadas ao PCC por organização criminosa e tentativa de extorsão mediante sequestro do senador Sergio Moro (União/PR), que foi ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) e juiz federal da Operação Lava-Jato. A sentença, com 241 páginas, é relativa à ação penal ligada à Operação Sequaz, deflagrada em março de 2023 pela Polícia Federal (PF).
Em publicação nas redes sociais, nessa quinta-feira (23), Sergio Moro divulgou trecho da decisão, agradeceu às autoridades envolvidas na operação e afirmou que “falta descobrir o mandante do crime e a investigação da PF precisa continuar com este objetivo. Solicitarei providências nesse sentido ao ministro da Justiça [Ricardo Lewandowski]. Não nos curvaremos a criminosos. Continuarei, no Senado, defendendo lei, ordem e penas severas contra o crime organizado”, escreveu o parlamentar.
Os investigadores iniciaram a apuração com base em depoimento de um ex-integrante do PCC que se transformou em testemunha protegida da Justiça de São Paulo. Foi ele quem relatou o plano de sequestro de Sergio Moro, posteriormente levado para os investigadores da PF.
A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi acolhida pela Justiça Federal em maio de 2023. Entre os 13 denunciados, três foram absolvidos e outros dois morreram na prisão. De acordo com a denúncia, os motivos do plano de sequestro estão relacionados a medidas adotadas por Sergio Moro enquanto ministro da Justiça, como “a transferência de lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital para presídios federais de segurança máxima, bem como a proibição de visitas íntimas nesses presídios, para evitar a transmissão de ordens da alta hierarquia”.
“Além de concretizar vingança, os criminosos objetivavam obter vantagens materiais com a prática do sequestro, desde a revogação dessas medidas adotadas pelo ex-ministro até a difusão de sensação de pânico generalizado na população civil e em autoridades públicas”, disse o MPF.
O grupo teria começado a organizar o plano de sequestro de Moro em maio de 2022. As investigações apontaram que integrantes do PCC monitoraram locais que Moro frequentava. Um dos endereços foi o clube em Curitiba onde o senador costuma votar. O sequestro ocorreria na data do segundo turno das eleições de 2022.
Segundo o MPF, os criminosos não atingiram o resultado pretendido “por circunstâncias alheias às vontades dos integrantes da referida organização, especificamente em razão da descoberta de fraude na locação do apartamento localizado em Curitiba, e ao aviso de que tal fato seria comunicado à polícia”. As anotações do PCC apontam que o plano para sequestrar o senador previa custos de pelo menos R$ 564,5 mil. As despesas envolveriam R$ 110 mil em fuzis e R$ 90 mil em dois carros, entre outros itens.
A operação da PF em 2023 que cumpriu mandados de prisão para desarticular o plano da facção criminosa contra autoridades, incluindo Moro, dividiu o governo Lula (PT) na época. O presidente e alguns assessores próximos acirraram a disputa com opositores ao sugerir, sem provas, uma “armação” de Moro no caso.
“Eu não vou falar porque acho que é mais uma armação do Moro. Quero ser cauteloso, vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro”, disse Lula na época, mesmo após integrantes do próprio governo petista terem exaltado a operação feita pela PF, que é ligada ao Ministério da Justiça.
Outros aliados lamentaram a declaração de Lula e iniciaram uma operação para tentar corrigir o discurso oficial. A sentença da Justiça Federal que condenou oito pessoas é da terça-feira (21).
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