
KAREN MINASYAN
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, viajará a Moscou nos próximos dias para discutir com a Rússia as recentes negociações que manteve com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, antes de uma nova rodada de negociações em Roma no sábado.
O Irã e os Estados Unidos, que não mantêm relações diplomáticas desde 1980, mantiveram conversas no sábado com a mediação do sultanato de Omã sobre a espinhosa questão do programa nuclear iraniano.
Essas foram as negociações com funcionários de maior escalão entre Washington e Teerã desde o colapso do acordo nuclear de 2015 entre o Irã e as principais potências ocidentais que, lideradas pelos Estados Unidos, suspeitam que o Irã tenta desenvolver armas nucleares.
Teerã, no entanto, rejeita as alegações e afirma que seu programa nuclear tem apenas fins civis.
O Irã e os Estados Unidos concordaram em continuar com as negociações em 19 de abril, e o ministro das Relações Exteriores holandês afirmou que elas ocorrerão em Roma.
Antes da nova rodada de negociações, Araqchi viajará para Moscou, capital da Rússia, uma aliada próxima da República Islâmica.
“Quero esclarecer que esta é uma viagem que já estava planejada”, enfatizou o porta-voz diplomático iraniano Esmail Baghai durante uma entrevista coletiva.
A visita, acrescentou, ocorrerá “no final da semana” e permitirá discutir “os últimos desenvolvimentos nas negociações”.
Araqchi se reunirá com seu homólogo russo, confirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
“Estamos aguardando nossos colegas iranianos; estão previstas conversas com Serguei Lavrov e reuniões com autoridades russas”, afirmou.
– “Linhas vermelhas” –
Em 2015, o Irã concluiu um acordo com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido) e a Alemanha para supervisionar suas atividades nucleares.
O texto previa o alívio das sanções em troca da supervisão das atividades nucleares do Irã pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
No entanto, em 2018, Donald Trump retirou seu país do acordo durante seu primeiro mandato e restabeleceu as sanções. Em retaliação, o Irã se distanciou do texto e acelerou seu programa nuclear.
A decisão de Trump de se retirar do acordo deveu-se em parte à falta de ação contra o programa de mísseis de Teerã, que é visto como uma ameaça ao seu aliado israelense.
“O único tópico de discussão será a energia nuclear e a suspensão das sanções”, disse o porta-voz iraniano Esmail Baghai na televisão estatal no domingo.
A influência regional e as capacidades militares do Irã fazem parte das “linhas vermelhas” de Teerã, alertou a agência de notícias iraniana Irna.
Tanto o Irã quanto os Estados Unidos descreveram as negociações de sábado em Omã como “construtivas”.
Os diálogos indiretos ocorreram semanas depois de Trump enviar uma carta ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, solicitando negociações e alertando sobre uma possível ação militar se Teerã recusasse.