Vagas de emprego nos EUA recuam em meio à incerteza econômica

As vagas de emprego nos EUA apresentaram queda relevante em fevereiro, em um contexto de incerteza econômica provocado por novas políticas comerciais. De acordo com o relatório JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey), divulgado nesta terça-feira (1º) pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, o número de postos abertos caiu para 7,568 milhões no último dia do mês, uma redução de 194 mil em relação a janeiro.

O resultado indica desaceleração da demanda por mão de obra, especialmente em setores industriais, e ocorre em meio ao anúncio de um novo pacote tarifário promovido pelo governo norte-americano, que reacende preocupações sobre os rumos da atividade econômica.

Revisão de dados e comportamento do mercado

Os dados de janeiro foram revisados levemente para cima, de 7,74 milhões para 7,762 milhões de vagas de emprego nos EUA. Apesar disso, o movimento observado em fevereiro sugere cautela das empresas diante do ambiente externo mais desafiador.

O número de demissões aumentou em 116 mil, totalizando 1,790 milhão no mês. Embora ainda abaixo de patamares críticos, a elevação sinaliza uma deterioração gradual das condições no mercado de trabalho.

Especialistas apontam que, embora os números não sejam alarmantes isoladamente, o conjunto de indicadores recentes mostra perda de dinamismo, com impactos diretos nas decisões de contratação.

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Tarifas comerciais e impacto nas contratações

A queda nas vagas de emprego nos EUA ocorre paralelamente à intensificação de medidas protecionistas adotadas pela Casa Branca. O presidente Donald Trump anunciou, desde seu retorno ao cargo em janeiro, novas tarifas sobre aço, alumínio e veículos, com promessa de ampliar ainda mais o escopo das taxas.

Nesta quarta-feira (2), está previsto o anúncio oficial de um pacote de tarifas recíprocas, abrangendo todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos. As medidas são justificadas como uma tentativa de reindustrialização e reequilíbrio das contas externas, mas enfrentam críticas de economistas e do setor produtivo.

A política tarifária tem elevado os custos de produção, desorganizado cadeias de suprimento e reduzido margens de lucro, fatores que contribuem para a desaceleração das contratações. Segundo análise do Morgan Stanley, os efeitos sobre a confiança empresarial são imediatos e tendem a perdurar no médio prazo.

Confiança empresarial em queda e risco de recessão

A retração nas vagas de emprego nos EUA também acompanha a queda na confiança de empresários e consumidores. Indicadores compilados pela University of Michigan apontam recuo de oito pontos no índice de sentimento econômico em março, o menor nível desde meados de 2022.

Analistas de mercado têm elevado as projeções de risco de recessão nos próximos 12 meses. A Moody’s estima que a probabilidade de contração econômica subiu para 40%, influenciada pela combinação de menor investimento, custos mais altos e instabilidade nas relações comerciais globais.

Embora o mercado de trabalho americano continue resiliente em comparação histórica, os sinais de moderação tornam-se mais visíveis com a persistência do atual cenário de incerteza.

Setores mais impactados

A retração das vagas de emprego nos EUA foi mais acentuada em áreas como manufatura, construção e logística. Já setores como tecnologia e saúde apresentaram estabilidade, puxados por contratos já firmados e por demandas estruturais que não dependem exclusivamente da conjuntura macroeconômica.

Segundo o Departamento do Trabalho, a taxa de abertura líquida de vagas está em trajetória descendente, o que tende a reduzir o ritmo de criação de novos postos de trabalho nos próximos meses.

O relatório também indica que o número de contratações efetivas e o de desligamentos voluntários mantiveram estabilidade, mas com viés negativo em alguns segmentos.

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Vagas de emprego nos EUA recuam

O impacto negativo sobre as vagas de emprego nos EUA reacendeu o debate em torno da política comercial do governo. Entidades como a U.S. Chamber of Commerce alertaram que a elevação generalizada de tarifas pode comprometer o crescimento econômico, afetar a competitividade das empresas e reduzir o nível de emprego no país.

Apesar das críticas, o governo sustenta que as tarifas são uma resposta necessária a práticas comerciais consideradas injustas, e que visam revitalizar a base industrial dos Estados Unidos.

Enquanto isso, os dados do mercado de trabalho seguirão no centro das atenções de analistas e formuladores de política, especialmente com o Federal Reserve observando os sinais de desaceleração como parte do processo de definição sobre taxas de juros e políticas de estímulo.

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