O primeiro trimestre de 2025 marcou uma reviravolta importante para os ativos brasileiros. O Ibovespa e câmbio têm melhor desempenho para o período desde 2022, em uma resposta clara à instabilidade vivida no final do ano passado. A bolsa subiu 8,51% entre janeiro e março, enquanto o dólar registrou queda de 7,65% frente ao real.
O desempenho positivo surpreende parte do mercado, sobretudo após um fechamento de 2024 em tom negativo. O Ibovespa encerrou o último ano com queda de 10,08%, sendo 8,75% apenas no quarto trimestre. Esse movimento recente, portanto, representa não só uma recuperação, mas uma virada de percepção em relação ao risco-Brasil.
O que explica o desempenho do Ibovespa e do câmbio no 1º tri?
Para André Fernandes, economista-chefe na Análise Econômica, a melhora tem origem em um ajuste técnico. “A principal explicação vem daquele episódio de dezembro de 2024, quando uma incerteza política e econômica culminou numa desvalorização da moeda e dos ativos domésticos. A partir dali, houve uma correção”, afirma.
A referência é à reação do mercado após o anúncio da isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, em meio à apresentação do pacote de ajuste fiscal do governo. O timing da medida foi considerado equivocado por analistas, o que gerou forte volatilidade. Passado esse momento, a retomada observada no início de 2025 reflete a reprecificação dos ativos.
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A bolsa brasileira voltou a atrair o investidor estrangeiro
Parte importante dessa retomada se explica pelo fluxo estrangeiro. Dados da B3 mostram que, entre janeiro e março, houve entrada líquida de R$ 12 bilhões no mercado de ações brasileiro. No mesmo período de 2024, o cenário era de saída: quase R$ 23 bilhões deixaram a bolsa no primeiro trimestre do ano passado.
Gustavo Trotta, sócio da Valor Investimentos, destaca que a base de comparação favoreceu esse salto. “A forte depreciação dos ativos domésticos no ano passado criou uma base para a recuperação atual. Mesmo com a Selic em dois dígitos desde 2022, muitos ativos na bolsa apresentam preços atrativos”, diz.
O índice preço sobre lucro (P/L) estava em níveis historicamente baixos no fim de 2024, o que serviu como gatilho técnico para o movimento de valorização.
Juros altos no Brasil e cenário externo turbulento favoreceram o real
A valorização do real também chama atenção. A moeda brasileira foi uma das poucas a ganhar força frente ao dólar no início de 2025, mesmo com um ambiente de aversão ao risco global. O principal motor por trás disso segue sendo o diferencial de juros. Com a Selic em 14,25% ao ano, o Brasil mantém um dos maiores rendimentos reais do mundo.
Esse fator segue atraindo capital especulativo e protegendo a moeda de movimentos de fuga generalizada. Ao mesmo tempo, o dólar se fortaleceu frente às moedas desenvolvidas, mas perdeu espaço contra o real, refletindo também a entrada de fluxo para a bolsa.
Segundo Bruno Shahini, especialista da Nomad, “apesar do fortalecimento do dólar global, o real é uma das poucas divisas que se valoriza nesta segunda-feira. As incertezas sobre as tarifas de Trump nos EUA têm afastado o investidor de mercados desenvolvidos”.
China e exportações brasileiras ajudam o humor dos investidores
Além do cenário local, há também estímulos positivos no ambiente externo. A economia chinesa, principal parceira comercial do Brasil, tem mostrado sinais de recuperação. O governo local vem implementando medidas de incentivo para sustentar o crescimento. Isso favorece os exportadores de commodities, como as mineradoras e empresas do agronegócio.
“Esse ambiente mais construtivo para o gigante asiático contribui para uma expectativa mais positiva quanto ao desempenho das exportações brasileiras”, avalia Breno Falseti, gestor da Rubik Capital.
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Ibovespa e câmbio têm melhor desempenho
Apesar do bom começo de ano, o cenário adiante ainda exige atenção. A política monetária dos Estados Unidos, os desdobramentos da política comercial de Donald Trump e a trajetória da inflação global continuam no radar.
“Enquanto isso, o investidor brasileiro segue atento às oportunidades e aos riscos que cada classe de ativo pode oferecer”, afirma Einar Rivero, CEO da consultoria Elos Ayta.
A leitura geral é que Ibovespa e câmbio têm melhor desempenho em um momento de correção, após quedas acentuadas. Se o movimento vai se consolidar nos próximos meses, dependerá da manutenção dos fundamentos que hoje dão suporte ao mercado: juros reais altos, fluxo estrangeiro positivo e estabilidade política.
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