O implacável Trump

Houve tempo em que não existia essa peçonhenta linha divisória, que ouça separar convicções políticas, como presentemente vivemos, não só em solo doméstico, como no âmbito internacional.
Lá por esses saudosos tempos, era possível se conviver com pessoas cujas discordâncias naturais não valeriam (em moeda atual), sequer uma intriga, bate-boca ou empurrão.
Entretanto, com a velocidade empreendida às coisas e ao mundo, as relações sociais tornaram-se diferentes d’outrora.
Os limites de tolerância, seja de ordem política, social ou religiosa, adstringiram-se, consideravelmente, até ao ponto de alguns não se suportarem, no mesmo quadrado, que a Terra infirma.
Advieram novas ordem mundiais, em que não tomar partido parece agora obtuso, tendo a sociedade que escolher, às vezes cegamente, por ideologias, sem o resguardo de suas natas convicções.
Quem viveu, por exemplo, nas saudosas décadas de 70, 80 e, guardadas todas as proporções (e desproporções) a de 90, entenderá mais facilmente essas ponderações.
Embora sempre tenha havido adversidade, em tema de convicção política, hodiernamente, experimentamos mais que meras discordâncias, considerando a radical polarização que tomou conta do Mundo.

Como um dos representantes dessa indesejável convivência, retornou ao cenário político mundial, o já conhecido Donald Trump, cujo ideal político não encontra precedentes em nenhum passado da História.
Bem antes de sua segunda assunção ao cargo de Presidente dos Estados Unidos da América, Trump já anunciava seus ideais de desmantelamento diplomático, que repercute, mortalmente, nas relações econômicas que, por anos, regeram as nações, entre eles, a dos próprios estadunidenses com o resto do Planeta.
As medidas para o implemento de tarifações aos produtos importados, desequilibrou, naturalmente, os demais países que compõem o Globo, principalmente porque são acompanhadas de uma mudança no cenário econômico, que requereria paulatinas adaptações, para se manter a sobrevivência da economia mundial.

Em meio ao cenário de belicosidade humana sobrevivida no Oriente, Trump mostra-se indiferente, promovendo uma guerra tarifária, que desafia até mesmo grandes nações, com as quais os americanos, longamente conviveram, sem deixar de tirar proveito econômico e despontar como Nação em meio ao caos de outros países.
Esse movimento pode desencadear a longo prazo uma temível situação de ameaças, que porá o Mundo de volta àquele cenário terrivelmente, antes vivido, na chamada guerra fria, com o diferencial de se ter maior chance de matança humana, atualmente, já que não circunscrita a quem detém maior arsenal bélico.
Em meio a esse cenário de turbulência, certo mesmo é que Trump chegou ao segundo mandato, sem conseguir adesão ou simpatia das demais economias mundiais e até de grande parte dos americanos, de forma implacável.

Enquanto isso, em terras brasileiras, padecemos com uma situação que nunca deixou de flagelar a população, mas parece que voltou de forma mais inexorável, que é a indesejada inflação.
O Governo federal não revela domínio da situação, principalmente quando atribui a horrenda situação a fatores que, embora contribuam para o aumento dos preços, não são os determinantes para tal.
Somando-se as ameaças externas, provindas dos Estados Unidos da América para todo o Mundo, com a calamitosa situação por que passamos, em tema de inflação, a situação é de urgente adoção de medidas que funcionaram no passado, a exemplo da contenção de preços (via tabelamento) e de alavanca da economia.

PAULINO FERNANDES
DEFENSOR PÚBLICO E PROFESSOR

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