
Condenado pelo assassinato do casal Marísia e Manfred Von Richthofen, pais de Suzane von Richthofen, em 31 de outubro de 2002, Cristian Cravinhos de Paula e Silva, com 49 anos, foi libertado da prisão neste mês, após cumprir cerca de 22 anos e quatro meses de reclusão.
Em 2006, ele foi condenado a 38 anos de prisão pelo assassinato do casal von Richthofen, crime que cometeu ao lado do irmão, Daniel Cravinhos, e da então cunhada Suzane.
Em 2017, após quase 15 anos atrás das grades, ele obteve progressão para o regime aberto, mas voltou à prisão em abril de 2018, condenado a mais quatro anos por corrupção ativa e posse ilegal de uma munição de armamento restrito às Forças Armadas, após tentar subornar policiais em Sorocaba.
Em entrevista ao jornalista Ulisses Campbell, do jornal O Globo, Cristian Cravinhos falou sobre o crime, da saída da prisão e de como está encarando o afastamento dos filhos, principalmente o impasse judicial com o primogênito, que depois de ter removido o sobrenome Cravinhos, agora conseguiu a anulação da paternidade, retirando o nome do pai de todos os registros oficiais, incluindo a certidão de nascimento.

Cravinhos diz que, apesar do filho ter cortado todos os vínculos, ele vai permanecer em seu testamento.
Ele também encara o afastamento da filha de 14 anos, que o visitava na prisão quando criança, mas que cortou contato ao descobrir o que ele fez. “Mandei uma mensagem para ela assim que saí da prisão. Ela visualizou, mas não respondeu. Isso dói muito, mas eu entendo”, diz.
Cristian Cravinhos diz ainda que não esperava contar com os filhos para recomeçar a vida.
O afastamento do primogênito
“O mais velho chegou a me visitar na prisão em 2011, quando tinha 13 anos. Me parecia um adolescente amoroso. Foi emocionante. Até então ele não sabia o que eu tinha feito. Na verdade, não sabia nada sobre o pai. Ele tinha 8 anos quando fui preso e morava em Londrina. Depois, descobriu minha identidade ao encontrar documentos antigos, soube de tudo e mesmo assim quis me conhecer. Ele me visitou com advogados e a mãe, fez muitas perguntas. Me perguntou por que eu matei e comecei a chorar”, relata Cravinhos, em entrevista ao O Globo.
Ele conta que respondeu que havia cometido um erro grave, que estava pagando por isso e que o afastamento era consequência disso. Depois disso, eles não tiveram mais contato até o processo movido pelo filho para remover seu sobrenome.
Cristian disse que entende o constrangimento que é carregar um nome com esse estigma.
Motivações

Questionado na entrevista para O Globo sobre as motivações de sua participação no assassinato do casal von Richthofen, ele diz que foi tomado pelo desespero e não soube dizer “não” para ninguém.
“Acreditei que conseguiria impedir o que estava prestes a acontecer, mas acabei envolvido. Eu não tinha um histórico criminal, nunca fiz nada parecido antes, e talvez por isso as pessoas questionem tanto minha participação no que aconteceu. A punição que recebi foi consequência dos meus atos, mas a condenação da sociedade é muito maior. Sei que cometi um erro grave e estou pagando por isso”, afirma.
Sobre retirar Cravinhos do seu sobrenome para se livrar do estigma do crime, como fez seu irmão Daniel, ele é enfático: “Em hipótese alguma. Eu vou honrar o meu sobrenome até o fim da vida. Eu caí com esse nome e vou me levantar com ele. Estou disposto a pagar esse preço”.
Cristian afirma ainda que a condenação da sociedade é maior do que a da Justiça. “A Justiça me deu um tempo de pena, mas a sociedade impõe uma sentença perpétua”, enfatiza.