(Brasília-DF)
Vivemos tempos impressionantes. Fazem 47 dias que Donald Trump está despachando no Salão Oval da Casa Branca, a sede do poder da maior economia do Planeta.
O que ele já fez em tão pouco tempo, se ficar no nível que está, já terá mudado o Mundo e mesmo que daqui há quase 4 anos outro esteja no seu lugar nada será como antes.
São pactos celebrados há quase 80 anos que foram rasgados sem aviso prévio, são sólidas amizades que foram rompidas, são arranjos que foram montados ao longo de décadas desfeitos, vocações que foram abandonadas, princípios que foram renegados. Impressionante.
A coisa só está começando, como ele mesmo disse, mas algo tem chamado atenção, além do óbvio em que vimos Rússia e China adorando o que está sendo feito.
Algumas das pessoas que ele está maltratando estão ganhando força, ou sobrevivendo bem.
Nos vizinhos Canadá e México, os primeiros atingidos por sua fúria de tarifas, o partido Liberal de Justin Trudeau, primeiro ministro humilhado, já é favorito para continuar no poder. A maioria do povo canadense está a favor de qualquer um que enfrente Trump.
A presidente do México, Cláudia Sheinbaum, considerada a “Dama de Gelo”, que fala todo dia na imprensa de seu país, tem 78% de aprovação. É a chefe de Estado mais popular do Mundo.
Na Europa, pesquisa recente mostra presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, humilhado na Casa Branca, com 67% de aprovação após o embate, mesmo dizendo que fará acordo com Donald Trump.
Ainda não Europa, na Alemanha, direita e esquerda se unem contra a extrema-direita dos neonazista AfD, apoiada por Elon Musk, o querido de Donald Trump. A primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, apoia Trump, mas apoia a Ucrânia, a Europa e recentemente, para horror dos radicais, encaminhou projeto contra o Feminicídio que pune com pena de morte.
O líder de extrema direita francês, o jovem Jordan Bardella, apoia a Ucrânia.
Não se tem pesquisas sobre Emmanuel Macron, na França, e Keir Starmer, primeiro ministro do Reino Unidos, mas um levantamento do instituto YouGov divulgado na quinta-feira,6 de março, aponta que britânicos, alemães, espanhóis, franceses e italianos veem Trump como uma grande ameaça à paz e à segurança na Europa.
Os jovens europeus têm medo de nova guerra com o armamentismo que os líderes europeus dizem que vão ter que fazer por conta da postura clara de Donald Trump.
Lá no oriente, Japão e Filipinas anunciaram que vão investir mais em defesa, o Japão já avisou que vai dobrar o investimento em defesa até 2027.Se vão investir em defesa, vai faltar em algum outro setor.
O que fica evidente nestes primeiros dias é que o mundo ficou mais inseguro, vai investir mais em armamento e menos no social, a insegurança gera receio em investidores de diversos setores e que os líderes dos países que estão sendo imediatamente confrontados por Donald Trump, no lugar de se enfraquecerem, estão se fortalecendo.
Para nós do Brasil, o que essas constatações podem nos servir? A diplomacia brasileira parece ter entendido que a política da “Dama de Gelo”, Cláudia Sheinbaum, é a mais ajuizada, parece claro que vamos ganhar com os novos movimentos na Europa.
Estamos à frente dos BRICS, liderança exige posições. Vamos ter que se virar com China e Rússia do lado.
Como diz o poeta, mas serve para diplomacia: mãos geladas e coração quente!
GENÉSIO ARAÚJO JÚNIOR
JORNALISTA
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