O desabamento, nessa quarta-feira (5), do forro do teto da Igreja e Convento de São Francisco, no Pelourinho, em Salvador, deixou uma pessoa morta e outras cinco feridas. O templo histórico, que tem o interior coberto de ouro, é considerado um dos mais importantes do país.
Ao todo, três viaturas do Corpo de Bombeiros foram acionadas. Os profissionais socorreram as vítimas e realizaram buscas. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também estiveram na área.
A Polícia Civil informou que a vítima que morreu é Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos de idade, natural de Ribeirão Preto (SP). Ela visitava o local acompanhada de três amigos: dois homens e uma mulher. Giulia e a amiga estavam no centro da Igreja quando houve a queda, enquanto os homens estavam em uma sala separada.
De acordo com as autoridades, os cinco atingidos, incluindo outro turista, tiveram ferimentos leves e não correm risco de morte. “Não era momento de missa, de movimento popular, mas tinha sempre o fluxo normal para uma igreja que as pessoas visitam. Quanto aos feridos, não temos como conferir agora porque alguns já haviam saído antes. O momento atual é buscar se ainda há algum tipo de vítima além dos que já identificamos”, declarou o diretor da Defesa Civil de Salvador, Sósthenes Macedo.
O órgão informou que acompanha a ocorrência e que interditou o local. “É um episódio onde houve o desabamento de quase a integralidade da parte central da Igreja. Claro que têm ainda as partes laterais, e essas são merecedoras de atenção. A Igreja vai ficar, obviamente, isolada, porque no cenário que encontramos hoje, infelizmente, perdemos uma vida.”
O frade Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião e diretor da Igreja, havia alertado o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na segunda-feira (3), sobre uma dilatação no forro do teto. “Pedimos, ainda, orientações sobre as possíveis soluções para o problema, garantindo que qualquer intervenção siga os critérios técnicos e de conservação exigidos para bens tombados. Ficamos à disposição para fornecer mais detalhes e agendar a melhor data para a visita”, escreveu.
Há quatro meses, o Iphan e o frade assinaram ordem de serviço de reforma no valor de R$ 1,2 milhão para a restauração do edifício. O recurso seria aplicado na contratação de serviços técnicos de elaboração dos projetos para a restauração e preservação do templo. “A preservação desse patrimônio, que integra a arte barroca, contribui para manter viva a memória do passado colonial e fortalecer o conjunto arquitetônico como atrativo turístico”, disse o Iphan na ocasião.
“A preservação de bens culturais como a Igreja e Convento de São Francisco é uma responsabilidade compartilhada. É um esforço coletivo que envolve o compromisso de todos os setores da sociedade”, destacou na época o superintendente do Iphan/BA, Hermano Guanaes e Queiroz.
A Igreja e o Convento são tombados pelo Iphan e classificados como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. O Centro Histórico de Salvador, onde estão localizados, é Patrimônio Mundial reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“Agora é momento de solidariedade, mas precisamos agora acompanhar a investigação do ocorrido. Tomamos a iniciativa de suspender toda a programação cultural de hoje no Pelourinho, em respeito às vítimas”, afirmou o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro.
A médica e pesquisadora da cultura e religiosidade populares Helenita Monte de Hollanda, que escreveu o livro “Basílicas e Capelinhas – Um Estudo sobre a História, Arquitetura e Arte das Igrejas de Salvador” ao lado do jornalista Biaggio Talento, classificou a Igreja de São Francisco como a “Notre Dame brasileira”.
As informações estão atualizadas até o fechamento desta edição.
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