O Ceará registrou um recuo de 17,5% na quantidade de calçados exportados ao longo de 2024. Foram 30,19 milhões de pares que rumaram para outros países, frente aos 36,60 milhões observados no ano imediatamente anterior. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O estado é o segundo maior exportador do país, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul, que também registrou recuo (8,6%). Outro estado do Nordeste também sem dado positivo (-19,5%) é a Paraíba. A quantidade de calçados exportados passou de 17,73 milhões de pares para 14,27 milhões.
Ainda assim, mesmo com números pouco animadores, o Ceará terminou 2024 como o segundo maior empregador do setor no Brasil. Entre janeiro e novembro, as fábricas cearenses geraram 4,77 mil novos postos, encerrando o período com estoque de 70 mil empregos na atividade, 5,4% mais do que no ínterim de 2024.
Na avaliação do economista e presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) Wandemberg Almeida, o mercado chinês tem mexido com a economia local. “O setor sentiu efeito internacional, bem como o efeito inflacionário, o que acaba refletindo no Ceará, grande exportador de calçados. Os produtos chineses também mexem com o mercado local. O impacto desse mercado é grande e afeta as exportações, pois são agressivos e com produtos mais baratos, mesmo com qualidade duvidosa. Os preços são competitivos e isso amplia a agressividade”.
Nacional
No cenário nacional, dados divulgados pela Abicalçados apontam que, em dezembro do ano passado, foram embarcados 7,83 milhões de pares por US$ 72,4 milhões, incremento de 5,4% em volume e queda de 1,4% em receita na relação com o último mês de 2023. No acumulado do ano, as exportações brasileiras somaram 97,45 milhões de pares e US$ 976 milhões, quedas tanto em volume (-17,7%) quanto em receita (-16,4%) em relação a 2023.
O principal destino dos embarques brasileiros ao longo de 2024 foram os Estados Unidos (10,28 milhões de pares) por US$ 216,3 milhões, quedas tanto em volume (-3,3%) quanto em receita (-4,8%) em relação a 2023. Na sequência, aparecem a Argentina (12,6 milhões de pares e US$ 201,54 milhões, quedas de 10,5% e 10%, respectivamente) e Paraguai (8,34 milhões de pares e US$ 42,7 milhões, quedas de 20,6% e 13,5%, respectivamente).
Para 2025, a projeção da Abicalçados é de avanço tímido do setor (2%). Segundo o presidente da Associação, Haroldo Ferreira, a expectativa é que neste ano o setor perca força. “Devemos perder força, diante da persistência dos desafios no mercado internacional, com conflitos geopolíticos e o aumento do protecionismo, e também no mercado doméstico, visto o aumento da inflação e das taxas de juros, que inibem investimentos e a compra de bens por parte da população em geral. Diante disso, mantemos uma expectativa de crescimento mais tímido do que o verificado em 2024. Para o ano que inicia, a estimativa de crescimento é de cerca de 2% na produção, o que nos colocaria, finalmente, nos patamares de antes da pandemia, na casa de 900 milhões de pares produzidos. O motor do crescimento deve ser o mercado doméstico, já que a expectativa é de mais uma queda nas exportações ao longo do ano”.
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