Glauber Braga diz estar com dores após sete dias em greve de fome

Glauber Braga já perdeu quatro quilos desde quarta-feira (9/4), quando parou de ingerir alimentosLula Marques/ Agência Brasil – 28/08/2024

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) chegou ao sétimo dia de greve de fome nesta terça-feira (15/4).

Em nota enviada ao iG, o parlamentar afirmou que já sente os efeitos da falta de alimentação, mas garantiu estar com a mente firme e decidido a manter o protesto. O jejum foi motivado pelo avanço do processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.

“Acabei perdendo muito peso nestas últimas horas. Meu corpo já começa a dar sinais. Tenho tido dor de cabeça, início de desconforto na barriga, mas a cabeça está firme e a missão de continuar nesta batalha mais ainda. Não vou desistir, jamais”, garantiu o deputado, em conversa com a equipe de apoiadores nesta manhã. 

Desde que iniciou a greve de fome, na quarta-feira da semana passada (9/4) — mesmo dia em que o Conselho de Ética aprovou a cassação do mandato —, o deputado perdeu quatro quilos. O parlamentar está acampado no Plenário 5 da Câmara, onde recebe visitas de apoiadores e familiares.

Na manhã desta terça-feira, o deputado recebeu as visitas do reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo e do ex-ministro Nilmario Miranda. Também no início deste dia foi realizado um novo exame de sangue para verificar as condições médicas do deputado.

Além disso, ele segue ingerindo soro, isotônicos e água, com o intuito de manter a hidratação. Os médicos realizam acompanhamento duas vezes ao dia, mas Glauber é assistido 24 horas por uma equipe de brigadistas que fica na porta do Plenário 5. 

O deputado garante que permanecerá acampado no plenário do Conselho de Ética e em greve de fome até que novas movimentações sobre a cassação aconteçam.

De acordo com a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, essa é uma situação complicada tendo em vista que o Congresso Nacional está esvaziado esta semana em decorrência do feriado de Páscoa e, por isso, não deve haver novas decisões em relação a esse processo nos próximos dias. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) não se manifestou publicamente sobre o assunto.  

Cassação do mandato 

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (9/4), a representação que pede a cassação do deputado Glauber Braga por quebra de decoro parlamentar. 

A representação foi uma iniciativa do partido Novo, que acusa o deputado de ter expulsado da Câmara, em abril do ano passado, com empurrões e chutes, o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro. A cena foi filmada e amplamente divulgada na imprensa. Costenaro participava de manifestação de apoio a motoristas de aplicativo durante o debate da proposta que regulamenta a profissão.

O pedido de cassação foi acatado na Comissão por 13 votos favoráveis e cinco contrários. Parlamentares, defensores do deputado e artistas têm usado as redes sociais para manifestar apoio e apontam inconsistências no processo que pode resultar na perda do mandato. 

A rapidez com que o processo tramita e as alegações que justificam o pedido chamam a atenção. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), por exemplo, apontou que a pena de cassação é desproporcional ao acontecido e que casos anteriores de agressões dentro da Câmara não resultaram na perda do mandato dos parlamentares envolvidos. 

Por outro lado, o deputado alega que o real motivo para sua cassação é “um acordo” feito nos bastidores. Ele acredita que o processo que enfrenta é uma retaliação do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), já que ele denunciou o chamado “orçamento secreto”. “A tentativa de cassação do mandato tem uma relação direta com a articulação do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira. É ele, pelas denúncias que o mandato vem fazendo em relação ao orçamento secreto”, afirmou Glauber em vídeo publicado nas redes sociais. 

Lira não se manifestou sobre a cassação e as acusações feitas por Glauber. 

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