Além de ser uma atividade física, a dança proporciona diversos benefícios ao corpo e à mente de quem a pratica. Muitos veem a dança como hobbie, outros encontram nela a cura ou melhora para alguma enfermidade. Entre tantas vantagens, a dança promove uma boa coordenação motora, perda de peso, um bom condicionamento físico e auxilia nos sintoma da depressão.
A dança é um tipo de arte que ultrapassa barreias, línguas e cultura, tornando-se, também, uma grande ferramenta para promover a inclusão, e foi justamente desta forma, que Rossana Pucci enxergou a dança e, por meio dela, reescrever a trajetória de crianças especiais.
Formada em letras e psicologia, Rossana foi apresentada à dança ainda criança, estudou e, ao terminar o curso, começou a dar aulas ainda na academia de sua professora. Entretanto, sentia que ainda lhe faltava algo e que poderia ir muito mais além e explorar melhor o que a dança tinha para oferecer e como essa arte poderia ajudar, foi então, que ela decidiu fundar sua própria academia.
Com 35 anos de existência, o Espaço de Arte, tem desenvolvidos trabalhos sociais a mais de 20 anos. Segundo ela, o espaço não nasceu apenas para uma forma de repetição, os quais seriam os movimentos da dança, mas sim para que as crianças tivessem um local onde se sentissem acolhidas e ela relembra de que forma o Projeto Dança e Vida nasceu e como ele transformou a vida dessas crianças.
“Esse projeto Dança e Vida, ele nasceu, juntamente com as crianças do hospital de câncer. Porque primeira a ideia, inclusive, era que nós fôssemos para lá, e eu disse, não, se é para que essas crianças se sintam vivas, não faz sentido, a gente dá aula numa instituição, num hospital. Então, a gente abriu isso, veio a melhorar muito a qualidade de vida dessas crianças, muito. Muitas delas hoje são formadas, já, algumas em psicologia, por incrível que pareça. Foi muito desafiador, porque foi abrindo margem, assim, e as outras crianças com deficiência ficam aonde? E aí a gente começou a trabalhar com crianças de síndrome de Down, crianças com autismo, crianças com de baixa renda”, relembra Rossana.
Desde que começou o projeto, o espaço já acolheu cerca de 1.000 crianças. Para Rossana poder ver como a academia tem mudado a vida dessas crianças é algo indescritível, pois o reconhecimento que recebem não vem das mais, mas sim das próprias crianças que percebem que por meio da dança e do espaço conseguem ir muito além.
“O feedback que a gente tem não é não é nem das mães, mas das próprias crianças, que a vida delas mudou e a gente consegue perceber da forma como elas chegam e da forma como elas estão hoje. Então, pra gente é um é um ganho muito grande de experiência, de troca de experiência. De entrega, não só de entregar o nosso trabalho, mas também de receber de cada uma delas essa valeu, tia. Eu consigo ir mais além. Então, isso impulsiona muito a gente”, destaca.
Rossana destaca o trabalho dos filhos no espaço que segundo ela, hoje é uma empresa familiar. Enquanto um tem as ideias mais mirabolantes, o outro supervisiona todo o trabalho ali desenvolvido para sempre oferecer o melhor não para as crianças do projeto, mas para todas que frequentam o local.
“O espaço hoje, ele é uma empresa familiar, no sentido de que o meu filho, Sid de Neto é o coreógrafo, é o que pensa é o pensante hoje, o que a Rossana era antes, fica para ele. Ele é o pensante, é o das ideias mirabolantes. E a Roxane, que é a minha filha que tem o mesmo perfil no sentido dessa ocupação com o outro, porque também bem a psicóloga, mas que carrega dentro dela essa dança, justamente apoiando e supervisionando o trabalho que a gente faz”, conta.
No espaço é oferecido aulas de teatro, todas as modalidades de dança, é trabalhado o canto, são horas de trabalho, com professores empenhados mas que no final vale a pena. Todos os espetáculos são adaptados. Rosana destaca que já perdeu as contas de quantos já ganharam, e que tudo isso é fruto do esforço conjunto de professores e alunos empenhados em dar o seu melhor. No entanto, destaca que trabalha o lado competitivo delas, para que aprendam que na vida nem sempre tudo é ganho e o que importar é elas conseguirem ir além.
“Foram muitos, e isso me dá um orgulho muito grande, porque são meus frutos. Quando eu digo meus é porque as coreografias premiadas elas além de serem dos meus filhos, também são de professores muito queridos que eu acabo meio que trazendo como filho. Então, é um resultado de que o trabalho está dando certo. Mas a vitória, e eu digo muito para elas, é, que a vitória está muito além daquele troféu. A vitória está no pisar no palco, e se mostrar inteira para o outro. Eu acho que essa é a maior vitória e elas vão muito com essa consciência. Claro, vão com desejo enorme de ganhar, mas é muito é claro, é muito transparente para elas que o maior prêmio é elas conseguirem, alcançar esses estágios que antes pareciam tão difíceis”, conta Rossana.
Por Dalila Lima
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