A operadora de telecomunicações Oi quer pagar R$ 199 milhões a seus executivos entre os anos de 2025 e 2027, mesmo após registrar um prejuízo de R$ 2,9 bilhões no quarto trimestre de 2024. A proposta foi divulgada em edital de convocação para a próxima assembleia geral ordinária e extraordinária, marcada para 29 de abril. A proposta causou indignação entre investidores e analistas, especialmente diante do cenário de profunda crise enfrentado pela companhia.
O montante representa um aumento de 42,5% em relação ao valor distribuído nos últimos três anos, que foi de R$ 139,7 milhões. O anúncio repercutiu negativamente no mercado: as ações OIBR3 caíam 9,89% por volta das 12h20 desta segunda-feira (7), cotadas a R$ 0,82. A forte desvalorização evidencia a insatisfação dos investidores com a proposta em que a Oi quer pagar mais.
Remuneração milionária em meio à crise
Para 2025, o orçamento proposto para a remuneração da diretoria e do conselho de administração da Oi é de até R$ 63,4 milhões, o que representa uma alta de 8% frente aos R$ 58,8 milhões pagos em 2024. O valor será dividido entre pagamento fixo e bônus por metas, o que levanta discussões sobre a razoabilidade dos indicadores de desempenho definidos.
Segundo a proposta, R$ 47,5 milhões serão destinados ao conselho de administração, R$ 15,2 milhões à diretoria estatutária e R$ 660 mil ao conselho fiscal. A remuneração será composta por parte fixa e bônus atrelados ao cumprimento de metas corporativas, como melhora no fluxo de caixa, receita líquida e controle de custos operacionais. Mesmo diante do prejuízo bilionário, a Oi quer pagar valores que superam seus pares do setor.
Apesar da justificativa de metas, o momento atual da empresa, que inclui sua segunda recuperação judicial e a venda de ativos importantes, gera dúvidas sobre a efetividade e o mérito de um bônus tão elevado.
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Comparação com o setor
O valor proposto pela Oi é consideravelmente superior ao de suas concorrentes. A Telefônica Brasil (VIVT3), por exemplo, prevê pagar até R$ 59,5 milhões em 2025, enquanto a TIM (TIMS3) tem um orçamento de até R$ 55 milhões. Ambas as empresas operam em cenários financeiros muito mais saudáveis e reportaram lucros robustos no último exercício.
Vale destacar que a Telefônica registrou lucro líquido de R$ 1,76 bilhão em 2024, enquanto a TIM lucrou R$ 1,06 bilhão no mesmo período. A disparidade entre os resultados financeiros e os valores que a Oi quer pagar aos seus executivos torna a proposta ainda mais polêmica.
Quem são os beneficiados
A proposta de aumento na remuneração favorece diretamente os sete membros do conselho de administração e os três diretores estatutários da Oi: Marcelo Milliet (presidente e diretor de Relações com Investidores), Rodrigo Aguiar (diretor Financeiro) e Fábio Wagner (diretor Jurídico).
Os três executivos assumiram os cargos em dezembro de 2024, após indicação da consultoria Integra, contratada para apoiar o plano de reestruturação da companhia. A proximidade dos novos contratos com a proposta de remuneração levanta questionamentos sobre o alinhamento entre interesses corporativos e responsabilidade financeira.
A decisão de que a Oi quer pagar bônus altos mesmo em meio à crise pode ser vista como um desalinhamento com os interesses dos acionistas minoritários e credores da empresa. Para analistas, o momento em que a Oi vai pagar esses valores é o principal motivo da repercussão negativa.
Justificativa da empresa
Em nota enviada à imprensa, a Oi defende que a proposta de remuneração está “adequada ao momento atual da companhia”, que exige “flexibilidade e competitividade” para atrair e reter profissionais com os perfis técnicos necessários para enfrentar os desafios da reestruturação.
A companhia também argumenta que enfrenta dificuldades operacionais e legais acima da média do setor, o que justificaria um orçamento de remuneração mais robusto. Ainda segundo a empresa, os R$ 199 milhões estão distribuídos para um período de três anos e incluem bônus condicionados ao atingimento de metas.
A Oi também destacou que mantém “relação transparente com seus acionistas e com o mercado em todas as etapas do seu plano de reestruturação”. A decisão de que a empresa vai pagar altos valores aos seus executivos é justificada como estratégia para garantir profissionais de alta performance. A companhia reforça que, apesar das críticas, a Oi vai pagar para manter talentos estratégicos no momento mais delicado de sua história.
Impacto no mercado e reação dos investidores
A notícia teve repercussão imediata no mercado financeiro. As ações da companhia abriram em forte queda, e a proposta foi amplamente criticada por analistas e investidores. Muitos destacam que, em um cenário de prejuízos bilionários e desmonte de ativos, propor aumento na remuneração dos executivos pode sinalizar desalinhamento com os interesses dos acionistas minoritários.
Além disso, a proposta surge em um momento em que a empresa ainda depende de medidas judiciais e de negociações com credores para garantir sua sobrevivência operacional. A percepção de que recursos poderiam ser melhor alocados em estratégias de recuperação agrava a insatisfação dos investidores, que não veem com bons olhos o fato de que a Oi quer pagar milhões sob essas circunstâncias. Ainda assim, a diretoria segue firme na proposta de que vai pagar o montante apresentado.
O que esperar da assembleia
A assembleia geral da Oi está marcada para 29 de abril. Nela, os acionistas votarão a proposta de remuneração apresentada pela companhia. Dada a reação negativa do mercado e a mobilização de grupos minoritários, espera-se uma votação apertada.
Caso a proposta seja rejeitada, será necessário apresentar uma nova estrutura de compensação que contemple a realidade financeira da empresa e que seja mais bem recebida pelos investidores. Se aprovada, a decisão poderá gerar desdobramentos legais e afetar ainda mais a reputação da empresa junto ao mercado.
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Oi quer pagar milhões
O caso da Oi mostra os desafios de equilibrar reestruturação financeira com políticas de retenção de talentos. Enquanto a companhia defende a necessidade de atrair executivos qualificados, a proposta de pagamento elevado em meio a prejuízos e vendas de ativos gera críticas e levanta preocupações quanto à governança corporativa.
A discussão que se seguirá até o fim de abril será um importante termômetro da confiança dos investidores na condução da atual gestão da empresa e na viabilidade do plano de reestruturação. A frase que resume o momento é: Oi quer pagar, mas o mercado ainda precisa ser convencido de que esse é o melhor caminho.
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