Novo Governo alemão quer Europa menos tolerante com autocrata Orbán

Documento vazado para a imprensa mostra que a coalizão de governo de Friedrich Merz, vencedor das eleições parlamentares de fevereiro deste ano na Alemanha, trabalhará por uma União Europeia menos tolerante com atos e discursos antidemocráticos. As medidas parecem desenhadas para conter a rebeldia do líder autocrata Viktor Orbán, da Hungria, apesar do nome dele não aparecer nas discussões.
Segundo o site Politico, que teve acesso a um rascunho da negociação empreendida pela aliança conservadora de Merz (formada por CDU e CSU, e o SPD, do atual premiê, Olaf Scholz), o novo Governo alemão deverá exigir que o bloco retenha fundos e suspenda os direitos de voto de países que violam princípios fundamentais, como o Estado de Direito.

Orbán tem longo histórico de violações na área, com interferências no Poder Judiciário e no setor de mídia da Hungria e ofensivas contra movimentos LGBTQIA+. O parlamentarismo alemão demanda uma negociação firme entre os partidos que compõem a coalizão de governo.

Não apenas a divisão de poder e cargos, mas também as políticas de governo são discutidas à minúcia. O debate abrange de questões puramente domésticas, como o subsídio ao transporte coletivo, às mais complexas, como imigração e segurança.
O governo Scholz, por exemplo, começou em 2021 apenas depois que 177 páginas de acordo foram exaustivamente discutidas pelos três partidos da coalizão dele (SPF, Verdes e FDP). Merz planeja começar a gestão dele logo após a Páscoa, em 23 de abril deste ano, mas a negociação com os sociais-democratas ainda tem diversos pontos de atrito.

O papel da Alemanha na política europeia não parece ser um deles. “Os instrumentos de proteção existentes, desde processos de infração e retenção de fundos da UE até a suspensão de direitos de associação, como votar no Conselho da UE, devem ser aplicados de forma muito mais consistente do que antes”, cita trecho do rascunho destacado pelo site de notícias.

O primeiro-ministro húngaro coleciona contingências com os pares europeus. Há duas semanas, por exemplo, ameaçou barrar a renovação das sanções do bloco contra oligarcas e militares russos, que precisam ser renovadas a cada seis meses.

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