A Temporada de resultados do 4T24 chegou ao fim com desempenho financeiro misto entre as companhias brasileiras listadas em bolsa. De acordo com relatório divulgado pelo BTG Pactual nesta segunda-feira (31), a análise consolidada dos balanços mostra que, embora a receita total das empresas tenha ficado 2,4% acima das estimativas dos analistas, o lucro líquido consolidado apresentou queda de 49% em relação ao projetado.
O estudo exclui os resultados de Petrobras e Vale para melhor representar o desempenho médio das companhias. O EBITDA consolidado ficou 4,7% abaixo das expectativas, refletindo a deterioração de margens em diversos setores.
Resultados consolidados apresentam contrastes
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a Temporada de resultados do 4T24 revelou um crescimento de 14,8% na receita total (ex-Petrobras e Vale), acompanhado de avanço de 11,6% no EBITDA. Apesar disso, o lucro líquido caiu 9,5% na base anual, pressionado principalmente pelos setores ligados a commodities, cujas quedas no EBITDA e no lucro líquido foram de 18,4% e 145%, respectivamente.
Setores como Papel & Celulose e Petróleo & Gás contribuíram negativamente para os resultados consolidados, impactados por fatores como aumento de custos, câmbio desfavorável e elevação nas despesas financeiras.
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Empresas domésticas sustentam o desempenho positivo
Os melhores desempenhos da Temporada de resultados do 4T24 vieram de empresas com foco no mercado interno. As companhias domésticas registraram crescimento de 16,9% na receita, 16,3% no EBITDA e 21,7% no lucro líquido, em comparação com o quarto trimestre de 2023.
O setor de Alimentos & Bebidas foi o principal destaque, com aumento de 23% na receita e de 61% no EBITDA. A JBS se destacou com incremento de R$ 20,4 bilhões na receita, beneficiada pelo desempenho nas operações de carne bovina e de aves no Brasil.
No Agronegócio, a Raízen ampliou sua receita em R$ 8,4 bilhões, com destaque para o aumento das vendas de etanol e açúcar. Contudo, a empresa apresentou prejuízo de R$ 3,4 bilhões, afetada por custos unitários mais altos e aumento da dívida líquida.
Qualidade dos resultados sofre deterioração
Mesmo com o avanço nas receitas, o relatório aponta piora qualitativa nos resultados da Temporada de resultados do 4T24. A margem EBITDA consolidada recuou 160 pontos-base em relação às expectativas, encerrando o trimestre em 21,4%. Apenas 30% das empresas apresentaram resultados classificados como fortes, percentual inferior aos 42% registrados no 3T24. Já os desempenhos fracos aumentaram de 22% para 34%.
Entre os setores impactados negativamente, o de serviços básicos registrou queda de R$ 1,5 bilhão no EBITDA. A Eletrobras contribuiu com R$ 0,8 bilhão desse total, influenciada por maiores despesas operacionais e serviços relacionados a contingências.
Lucro líquido registra maior retração em dois anos
A queda de 49% no lucro líquido consolidado (excluindo Petrobras e Vale) frente às estimativas representa a maior frustração desde o início de 2023. Em relação ao 3T24, o recuo foi de 20,4%, evidenciando a pressão enfrentada pelos setores exportadores e a deterioração das margens.
Por outro lado, os bancos apresentaram evolução significativa, com aumento de 23% no lucro líquido. O Bradesco liderou o segmento, com alta de 88%, resultado de uma base comparativa fraca, melhora no custo de risco e crescimento no resultado com clientes.
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Projeções para o próximo ciclo de resultados
Apesar dos desafios observados na Temporada de resultados do 4T24, o crescimento robusto das receitas em setores domésticos e o desempenho positivo dos bancos trazem sinais de resiliência para a economia brasileira. O comportamento da inflação, a política monetária e a oscilação cambial serão variáveis centrais para o desempenho do primeiro trimestre de 2025.
O relatório do BTG Pactual reforça que, embora existam riscos macroeconômicos, a base sólida construída por setores como Alimentos, Varejo e Bancos pode atenuar os efeitos negativos observados nesta Temporada de resultados do 4T24, especialmente entre companhias com maior exposição ao mercado interno.
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