Representante do governo Lula defende criação de reserva estratégica de bitcoin como ferramenta para prosperidade econômica

A discussão sobre a criação de uma reserva estratégica de bitcoin ganhou força no Brasil após declarações do governo federal, feitas nesta semana. Pedro Giocondo Guerra, chefe de gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, afirmou durante cerimônia na Câmara dos Deputados que o tema é de “interesse público” e pode ser “determinante para a nossa prosperidade”.

A fala representa o primeiro posicionamento oficial do governo Lula a favor do debate sobre o uso de bitcoin como reserva de valor soberana. A declaração foi dada durante a posse do deputado Júlio Lopes (PP-RJ) como novo presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo (FPBC), no dia 25 de março.

Bitcoin como reserva: o novo ouro digital

Segundo Pedro Giocondo, a adoção de uma reserva estratégica de bitcoin pode representar um salto na forma como o Brasil se posiciona economicamente no cenário global.

“Debater com rigor a constituição de uma reserva soberana de valor de bitcoin é de interesse público e será determinante para a nossa prosperidade. Bitcoin é o ouro digital, o ouro da internet”, afirmou.

Ele destacou que a tecnologia oferece vantagens como agilidade, segurança e resistência à inflação — uma vez que o bitcoin é limitado a 21 milhões de unidades e tem comportamento deflacionário, ao contrário das moedas fiduciárias tradicionais.

Exemplos internacionais: o que o Brasil pode aprender?

A movimentação do governo Lula ocorre em um momento em que o tema ganha relevância internacional. Os Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, criaram recentemente sua própria reserva estratégica de bitcoin, utilizando ativos apreendidos em operações policiais.

Além dos EUA, El Salvador foi pioneiro ao adotar o bitcoin como moeda legal desde 2021, com uma reserva oficial da criptomoeda. O Butão também possui investimentos governamentais em bitcoin.

Com o Brasil entrando nesse debate, o país pode se posicionar como protagonista em inovação econômica entre as grandes economias emergentes.

Projeto de Lei sobre reserva estratégica de bitcoin já tramita no Congresso

Vale lembrar que, ainda em 2024, o deputado Eros Biondini (PL-MG) apresentou um projeto de lei que propõe a criação de uma reserva estratégica de bitcoin para o Tesouro Nacional.

Segundo o texto, o objetivo seria proteger a economia brasileira de flutuações cambiais e incertezas geopolíticas. A proposta limita o investimento a até 5% das reservas internacionais brasileiras — cerca de US$ 18,3 bilhões, com base no montante atual de US$ 366 bilhões.

O projeto está em fase inicial de tramitação, com o relator Luiz Gastão (PSD-CE) responsável pela análise na Comissão de Desenvolvimento Econômico.

Vantagens e riscos da reserva estratégica de bitcoin

A proposta de incluir o bitcoin como ativo do Tesouro Nacional gera entusiasmo entre entusiastas da tecnologia e críticos das políticas monetárias inflacionárias.

Entre os argumentos favoráveis estão:

  • proteção contra desvalorização do real;

  • diversificação das reservas cambiais;

  • acesso a um ativo global e digital;

  • independência de políticas monetárias internacionais.

Por outro lado, críticos apontam riscos como a volatilidade do bitcoin, a ausência de regulação clara, e os desafios técnicos e operacionais para armazenar grandes quantidades do ativo com segurança.

Brasil como referência? Oportunidade ou exagero?

Embora a ideia de uma reserva estratégica de bitcoin pareça ousada, ela reflete um movimento global de reavaliação de reservas tradicionais — compostas, em sua maioria, por dólares, ouro e títulos soberanos.

Se o Brasil seguir adiante com o projeto, poderá se colocar entre os primeiros países a institucionalizar criptomoedas como reserva nacional.

Entretanto, especialistas recomendam cautela: “É uma proposta visionária, mas exige maturidade regulatória, governança sólida e preparação para um cenário altamente volátil”, destacou um consultor econômico ouvido pela reportagem.

Próximos passos

O tema deve ganhar mais espaço no Congresso e nas agendas do Ministério da Fazenda e do Banco Central.

A expectativa é que o debate avance ao longo de 2025, especialmente se os EUA consolidarem sua estratégia com o bitcoin e os impactos forem percebidos no cenário macroeconômico global.

A criação de uma reserva estratégica de bitcoin no Brasil não é mais apenas uma hipótese: tornou-se uma pauta real no radar econômico e político do país.

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