A partir deste ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) inicia a transição para substituir o tradicional exame de papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV na detecção precoce do câncer do colo do útero. A mudança, que já foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), faz parte de novas diretrizes apresentadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) nesta quarta-feira (26/03). O novo exame promete maior eficácia na identificação do papilomavírus humano (HPV), principal causador da doença, que registra cerca de 17 mil novos casos por ano no Brasil.
A principal vantagem do teste de DNA-HPV é sua alta sensibilidade, capaz de identificar subtipos oncogênicos do vírus, como os tipos 16 e 18, que são responsáveis por 70% das lesões precursoras de câncer. De acordo com Itamar Bento, pesquisador da Divisão de Detecção Precoce do Inca, o exame oferece um valor preditivo negativo confiável, o que permite um intervalo seguro de cinco anos entre as coletas quando o resultado for negativo. “Se a pessoa tiver resultado negativo, podemos de fato confiar nesse resultado, o que garante uma margem segura para aguardar cinco anos antes de realizar um novo teste”, explicou Bento.
Além da eficácia, a nova estratégia prevê um modelo de rastreamento organizado, em que o sistema de saúde identifica ativamente as pessoas que precisam realizar o exame, evitando a espera passiva de que elas procurem as unidades de saúde. Essa abordagem busca ampliar a cobertura, que atualmente é insuficiente: entre 2021 e 2023, apenas três estados brasileiros alcançaram cerca de 50% de cobertura do público-alvo com o papanicolau, enquanto a maioria das regiões ficou bem abaixo desse patamar. Em estados como Acre, Maranhão e Mato Grosso, por exemplo, a entrega dos resultados levou mais de 30 dias, comprometendo o início do tratamento em até 60 dias, conforme determina a legislação.
Outra inovação relevante das novas diretrizes é a possibilidade de autocoleta do material para exame, especialmente para populações de difícil acesso ou que enfrentam barreiras em realizar o teste em unidades de saúde. Além disso, foram incluídas orientações específicas para o atendimento de pessoas transgênero, não binárias e intersexuais, garantindo um cuidado mais inclusivo e humanizado. Segundo os especialistas, com a implementação dessas mudanças e o fortalecimento da vacinação contra o HPV, o Brasil pode vislumbrar a erradicação do câncer do colo do útero em até 20 anos, consolidando um avanço significativo na saúde pública feminina.
A realização do teste de papanicolau é fundamental para a saúde das mulheres, pois permite a detecção precoce de lesões causadas pelo HPV, principal responsável pelo câncer do colo do útero. Identificar alterações celulares no estágio inicial aumenta significativamente as chances de tratamento eficaz e cura, prevenindo a evolução para quadros mais graves. Além disso, o exame contribui para reduzir a mortalidade feminina, já que o câncer de colo de útero é o terceiro mais incidente entre as brasileiras. Manter a rotina de exames periódicos é um ato de cuidado e prevenção que pode salvar vidas.
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