A recente elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, que a levou ao patamar de 14,25% ao ano, o maior nível dos últimos dez anos, gerou uma onda de críticas de entidades representativas da indústria, comércio e centrais sindicais. Para essas instituições, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) compromete a recuperação econômica e ameaça diretamente o emprego e o consumo.
Em nota oficial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que a elevação da Selic traz mais prejuízos do que benefícios à economia, especialmente por ignorar fatores relevantes que poderiam contribuir para a redução da inflação. Segundo a CNI, o BC desconsiderou a valorização do real frente ao dólar e a queda acentuada dos preços do petróleo no mercado internacional.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também manifestou preocupação, pedindo ao Copom uma postura mais “parcimoniosa” na calibragem da política monetária. Segundo a Apas, a taxa de juros brasileira já está entre as mais altas do mundo, e o recente aumento da Selic prejudica o ambiente de investimentos e a competitividade internacional.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), por outro lado, adotou um tom mais cauteloso, afirmando que a decisão do BC está em linha com as expectativas do mercado financeiro. Para a ACSP, enquanto os gastos públicos permanecerem elevados, os juros terão de continuar altos para controlar a inflação, que segue acima da meta anual.
O aumento da Selic também encontrou forte resistência entre as centrais sindicais. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) repudiou a decisão, afirmando que ela intensifica o aperto financeiro sobre a população e privilegia um pequeno grupo de rentistas. A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destacou que a última redução da Selic, em maio do ano passado, já havia mantido os juros em um nível elevado de 10,50%.
A Força Sindical também se posicionou de forma contundente contra a decisão do BC, lamentando que a gestão do novo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, ainda não tenha adotado uma postura mais favorável à produção e ao emprego. “A classe trabalhadora é penalizada com o aumento dos juros, e o país perde mais uma oportunidade de fomentar o desenvolvimento econômico. Precisamos de políticas que priorizem a geração de emprego e renda”, afirmou Miguel Torres, presidente da entidade.
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