As categorias dos servidores municipais de Fortaleza estão organizando uma série de paralisações em órgãos e equipamentos públicos. O movimento começa na manhã de hoje (20), a partir das 7h, no Instituto José Frota (IJF), no Centro. O hospital é referência em traumatologia, entre outras especialidades, e já vem passando por paralisações de 30 minutos em defesa do reajuste salarial da categoria.
“A gente deve dar uma esticada nessa paralisação como um processo de construção de uma paralisação geral dos servidores, iniciando pelo IJF e ,na sexta-feira, a gente deve realizar também lá na [Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania] AMC, uma decisão que as entidades vão tomar amanhã, durante a atividade”, explica o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Fortaleza (Sindifort), Eriston Ferreira.
Segundo Eriston, o objetivo do Sindifort e dos outros sindicatos representantes dos servidores, Fersep For e União União Sindical, é paralisar uma categoria do serviço público a cada dia.
Os servidores estão insatisfeitos com a proposta de reajuste 4,83% anunciada pela Prefeitura, sendo 2% pagos em junho e 2,83%, em dezembro. Os pagamentos seriam feitos sem retroatividade, ou seja, sem compensar as perdas salariais a partir de janeiro de 2025.
A Prefeitura de Fortaleza alega que não tem condições de oferecer um reajuste maior devido a dívidas de R$ 4,6 bilhões nas contas públicas deixadas pela gestão anterior. Já os servidores consideram a proposta atual um “desrespeito” e aguardam a reabertura de diálogo com a gestão.
Com esse objetivo, os sindicatos buscaram o apoio dos vereadores e se reuniram, na terça-feira (18), com Adriana Almeida (PT), Gabriel Aguiar (Psol) e o líder do Governo na Câmara de Fortaleza, Bruno Mesquita (PSD), na sede do Legislativo municipal.
“A gestão está mantendo todos os canais de negociação abertos com os servidores. Nós, vereadores, vamos tentar aproximar ainda mais. E tenho certeza que em breve vamos ver tudo resolvido”, garantiu Bruno Mesquita.
Os servidores ainda foram ao gabinete do deputado estadual Renato Roseno (Psol) para “reforçar e ampliar o horizonte de diálogo com o atual prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, uma vez que ele e Renato sempre tiveram uma relação respeitosa e de construção de ’pontes’ por melhorias, quando dividiram espaço no Parlamento estadual”.
Os parlamentares se comprometeram em tentar uma reunião com o secretariado municipal e com o prefeito, mas ainda não houve retorno definitivo para os servidores municipais. O prefeito Evandro deve cumprir agenda no exterior até o dia 28 de março. A viagem já estava marcada e foi adiada para que o petista pudesse participar do evento de inauguração do Hospital Universitário do Ceará (HUC), com a presença do presidente Lula (PT).
Professores insatisfeitos
Outra categoria que está insatisfeita é a dos professores municipais. A presidente do Sindiute, Ana Cristina, está mobilizando os professores por uma paralisação “gigante” no próximo dia 27 para que o prefeito Evandro recue da decisão de pedir a suspensão da tramitação de processo sobre precatórios.
Segundo Cristina, precatórios devidos pela União de 2017 a 2020 estão sendo cobrados na Justiça, referente ao repasse do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).
O caso estaria próximo de ter uma decisão favorável para os professores, que ficariam com 70% do valor total a ser pago; e para a prefeitura, que ficaria com os 30% restantes. O valor da ação seria aproximadamente de R$ 600 milhões.
No entanto, a Prefeitura pediu a suspensão do processo para negociar administrativamente com a União o pagamento da dívida. A prefeitura alega que a manobra vai agilizar o pagamento. O sindicato achou “esquisito” e chamou a ação de “golpe” e “calote”.
(Por Maurício Moreira)
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