O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (18) que vai se licenciar do mandato e continuar nos Estados Unidos.
Eduardo disse que continuará nos EUA para buscar punições contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. “Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre Moraes e a sua Gestapo [polícia política do regime nazista] da Polícia Federal merecem”, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.
“Minha meta de vida será fazer você pagar por toda a sua crueldade com pessoas inocentes”, disse. Declaração foi dada a uma semana de o STF julgar se torna réu o pai do deputado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, sob a acusação de tentativa de golpe de Estado.
Sem provas, Eduardo falou em “regime de exceção” e “truques sujos de Moraes”. “Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos. Assim sendo, da mesma forma que eu assumi o mandato parlamentar para representar a minha nação, eu abdico temporariamente dele”, disse. Diferentemente do que diz o deputado, o Brasil é um regime democrático desde 1985 e sem registro de fraude nas eleições.
Deputado fez consulta ao governo Trump antes de tomar a decisão. O UOL apurou nos EUA que, antes de tomar a decisão, Eduardo Bolsonaro consultou tanto o governo de Donald Trump como sua base aliada no Congresso americano.
Conversas já tinham ocorrido durante sua participação na conferência de movimentos ultraconservadores, a CPAC, em Washington, no mês passado. Na ocasião, Trump citou a presença do brasileiro, numa sinalização interpretada como sinal de apoio.
Mas, segundo fontes diplomáticas, foram as conversas com a base do presidente dos EUA que permitiram que Eduardo tomasse a decisão de se licenciar pela Constituição, o afastamento da Câmara pode durar até 120 dias sem remuneração.
Do lado do governo brasileiro, a atitude foi recebida como sinal de alerta de que algo mais enfático por parte dos EUA possa estar sendo trabalhado contra as instituições nacionais. Seja na forma de leis ou mesmo numa atuação para tentar desestabilizar o processo eleitoral de 2026.
Deputados e o PT pediram apreensão do passaporte do parlamentar do PL. Em 27 de fevereiro, quando o filho de Bolsonaro embarcou para os EUA, os deputados petistas Lindbergh Farias (RJ) e Rogério Correia (MG) e o Partido dos Trabalhadores entraram com representação contra Eduardo na Procuradoria-Geral da República, por crimes contra a soberania e as instituições brasileiras cometidos durante sua estadia no país. No documento, Lindbergh diz que Eduardo “patrocina retaliações” contra o Brasil e contra Moraes.
O QUE MAIS DIZ EDUARDO BOLSONARO
O deputado disse, também apresentar provas, que há um plano para prender o ex-presidente Bolsonaro e assassiná-lo. “Não tenho dúvida de que o plano dos nossos inimigos é encarcerá-lo para assassiná-lo na prisão ou deixá-lo lá perpetuamente, assim como aconteceria com Donald Trump caso não tivesse sido reeleito agora em 2024.” Não há, no entanto, indícios ou qualquer fato concreto que indique uma estratégia de Moraes ou de integrantes do STF para matar o ex-presidente.
Eduardo disse que Moraes e “cúmplices” usam mandato de deputado como “ferramenta de chantagem”. “O que o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes e os seus cúmplices estão tentando fazer é usar justamente o meu mandato como cabresto, como ferramenta de chantagem e coação do regime de exceção. Como instrumento para me prender e impedir que eu represente os melhores interesses para o meu país.”
Eduardo afirmou que, a partir dos EUA, vai buscar anistia aos crimes do 8 de janeiro. Afirmou ainda que vai articular internacionalmente por “eleições limpas” e com participação da oposição em 2026, embora o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não tenha emitido nenhuma ordem de veto a candidatos contrários ao governo Lula.
Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE até 2030. Decisão retira apenas ex-presidente da próxima disputa outros nomes da oposição estão liberados para se candidatar, desde que não tenham pendências com a Justiça Eleitoral. A inelegibilidade de Bolsonaro foi motivada pela conclusão dos ministros do TSE de que ex-presidente cometeu crimes de abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação.
Após divulgar o vídeo, Eduardo deu entrevista a jornalistas aliados ao bolsonarismo nos EUA. O deputado afirmou que a saída do Brasil vai dificultar que a Justiça do país possa monitorar a atuação dele. Disse também que estar no exterior vai aumentar a “exposição pública e causar constrangimento” a Moraes. Durante a entrevista, ele ainda chorou ao ser questionado sobre qual foi a resposta de Bolsonaro ao anúncio de que ficaria nos EUA. “Meu pai queria o filho dele perto dele”, disse.
Segundo Eduardo, o entorno de Trump já está “ciente do que está ocorrendo no Brasil”. “Cada vez mais a pressão da Casa Branca com o Congresso para segurar ímpeto de ditaduras”, disse. O Brasil viveu sob o regime da ditadura militar, defendida por Bolsonaro, entre 1964 e 1985.
NOS EUA HÁ MAIS DE 15 DIAS
Eduardo viajou aos EUA quatro vezes neste ano. Como mostrou o UOL, ele está no país desde 27 de fevereiro, sendo esta a estadia mais longa do parlamentar.
Deputado era cotado para assumir Comissão de Relações Exteriores na Câmara. Segundo Eduardo, com o afastamento anunciado hoje, o deputado Coronel Zucco (PL-RS) será indicado pelo PL para ocupar o posto. A oposição ao governo Lula vê a comissão como palco para viabilizar articulações pelo fortalecimento da extrema direita e o apoio à anistia aos envolvidos nos atos golpitas de 8 de janeiro de 2023.
(Folhapress)
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