O dólar fechou em queda e a Bolsa em alta ontem (17), após a divulgação de dados fortes para a atividade econômica no Brasil e na China, e em mais um dia marcado por apetite ao risco diante de comentários do secretário do Tesouro americano sobre uma recessão no país, além das chances de um confronto entre os EUA e houthis no Iêmen.
A moeda americana abriu a sessão rondando a estabilidade, mas passou a despencar, chegando a R$ 5,665, na mínima. Ao fim do pregão de ontem, encerrou com baixa de 1,01%, cotada a R$ 5,685, renovando a mínima desde 7 de novembro, quando fechou a R$ 5,675. No ano, o dólar acumula queda de 7,98%.
A queda da divisa dos EUA acompanha as perdas da semana passada e a valorização das moedas emergentes no exterior frente ao dólar. O índice DXY, que mede a força do dólar ante as principais moedas globais caiu 0,30%, a 103,41 pontos, no fim da sessão.
Bolsa
Já a Bolsa encerrou com disparada de 1,45%, aos 130.833 pontos, tendo alcançado 131.313 pontos na máxima. É o quarto pregão seguido que a Bolsa fecha em alta.
As ações da Petrobras (1,85%), Vale (1,43%), Embraer (3,37%) e Itaú (3,00%) responderam pelas maiores contribuições positivas.
Os investidores seguiram de olho em novas notícias sobre os planos tarifários do presidente norte-americano, Donald Trump, e na “superquarta”, dia em que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil e o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) anunciarão suas novas diretrizes sobre juros.
Mercado
Na cena doméstica, os dados econômicos favoreceram a valorização da moeda brasileira.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), considerado um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto), teve alta de 0,9% em janeiro sobre o mês anterior -quando registrou 0,6%-, em dado dessazonalizado.
O dado divulgado pelo BC ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,22%.
Na comparação com janeiro de 2024, o IBC-Br teve alta de 3,6%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,8%, segundo números observados.
Além disso, analistas consultados pelo Banco Central reduziram a previsão para a inflação deste ano pela primeira vez em 23 semanas e mantiveram a expectativa do aumento de 1 ponto percentual para a taxa básica de juros, segundo boletim Focus desta segunda.
Os economistas apontaram que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) terminará o ano em 5,66%, uma queda de 0,02 ponto percentual em relação ao levantamento da semana passada.
Porém, os economistas elevaram a perspectiva do IPCA para 2026 de 4,40% para 4,48%, e também a de 2028 (de 3,75% para 3,78%). O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O boletim Focus também mostrou que o mercado espera uma redução do PIB deste ano para 1,99%, além de uma redução na expectativa para o preço do dólar em 2025 para R$5,98 -ante R$ 5,99 na semana passada.
Os analistas ouvidos pelo BC mantiveram a expectativa de alta de um ponto percentual na Selic (taxa básica de juros), para 14,25% ao ano. Os diretores do Copom se reúnem a partir desta terça-feira e o anúncio da nova taxa será feito no dia seguinte, quando também será divulgada a decisão sobre a política de juros dos EUA pelo Fed.
“A decisão de alta da Selic em 1% é amplamente esperada e deve causar zero surpresa. Os investidores estarão atentos ao comunicado que será divulgado na sequência para se entender melhor os possíveis passos da política monetária nos próximos meses”, afirma Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco.
Como indicado nas reuniões anteriores, o colegiado do BC deve subir a taxa em um ponto percentual, a 14,25% ao ano. As expectativas, agora, estão voltadas aos comunicados que acompanham as decisões. “Será importante observar a comunicação do Copom e eventuais sinalizações para as decisões futuras”, dizem os analistas do Bradesco em relatório semanal.
Internacional
Já a autoridade monetária americana pausou o ciclo de cortes na taxa no início do ano, sob justificativa de resiliência do mercado de trabalho e inflação ainda acima da meta de 2%. Na reunião desta semana, a expectativa é que os juros sejam mantidos novamente na faixa atual de 4,25% e 4,5%.
Uma bateria de dados recentes, porém, renovou expectativas de que o ciclo de afrouxamento seja maior do que o esperado, com possibilidades de um próximo corte na reunião de junho.
Na ponta internacional, investidores repercutiram notícias favoráveis sobre a economia chinesa, além de falas do secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, de que os EUA podem enfrentar uma recessão no governo Donald Trump.
No domingo (16), o governo chinês anunciou um “plano de ação especial” para impulsionar o consumo interno do país.
Entre as medidas, o BC chinês prevê cortar taxas de juros e o índice de reservas obrigatórias dos bancos para incentivar tomadas de empréstimos e usos de cartões de crédito. Além disso, o pacote inclui o aumento da renda das famílias e o estabelecimento de um subsídio para cuidados infantis.
“Medidas que visam estimular o consumo das famílias chinesas tendem a impulsionar a demanda por bens e produtos globais, beneficiando especialmente as economias com fortes laços comerciais com o país asiático”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
“O Brasil, como um dos principais parceiros comerciais da China, está bem-posicionado para se beneficiar desse movimento, o que ajuda a explicar a valorização do real na sessão de hoje”, acrescentou Shahini.
O post Dólar cai a R$ 5,68, menor nível em 4 meses apareceu primeiro em O Estado CE.