Uma ligação da África

Domingo de manhã. O celular vibra. Há um meme na internet que diz que “meu celular permanece no silencioso desde o dia em que comprei”. O meu vibra e raramente toca. Entre a geração mais jovem atender ligação virou algo extraordinário.
Para minha surpresa, um amigo me liga direto da África. Mais especificamente, de Moçambique, onde há anos mora em missão religiosa.
Quando soube de sua ida me admirei de sua coragem e disposição, valores necessários para quem escolhe o modelo de vida religiosa. São pessoas sem chão fixo, um dia aqui, outro dia acolá.
Que horas seriam lá no momento da ligação? Esqueci de perguntar. E o clima? Chuva? Sol? Frio? Calor? Já teria tomado o café da manhã ou ainda estava só com o jantar? Cumprimentou-me, perguntou como estava. E aí explicou o motivo da ligação. Alguém com a cabeça brasileira poderia achar inconveniente uma ligação num domingo de manhã. Eu não achei, afinal era um amigo e fazia um certo tempo que não nos falávamos. Tinha umas perguntas para me fazer.
Falou da diferença entre os continentes. Quanta diferença, mundos distintos. O modo de vida das pessoas, a mentalidade. E eu imagino outras mais: o horário, o clima, as comidas, os costumes, a língua, o dialeto.
Por um instante, a ligação falhou. Mas não nos chateamos. Mesmo com toda a tecnologia contemporânea (de robôs a inteligência artificial), achamos um grande avanço eu, no Brasil, em minha casa, falar com ele, direto do interior de um longínquo país africano.
Durante pouco mais de vinte minutos, demos boas risadas. Ele não perdeu o bom humor tipicamente brasileiro. Em breve nos veremos.

FELIPE AUGUSTO FERREIRA FEIJÃO
PROFESSOR E
MESTRE EM FILOSOFIA

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