O Brasil tem potencial para produzir entre 200 mil e 800 mil toneladas de hidrogênio de baixo carbono (H2BC) por ano até 2030, segundo o estudo “O mercado do hidrogênio de baixo carbono no Brasil: perspectivas e desafios até 2030”, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O avanço do setor dependerá de fatores como incentivos governamentais, avanços tecnológicos e ampliação da infraestrutura.
Considerado o “combustível do futuro”, o H2BC pode substituir combustíveis fósseis em setores como transporte, siderurgia e metalurgia, contribuindo para a redução das emissões de gases do efeito estufa. A efetiva adoção dessa fonte energética depende da implementação de políticas públicas estratégicas.
O Programa de Desenvolvimento de Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC), instituído pela Lei 14.990/2024, prevê R$ 18,2 bilhões em créditos fiscais até 2032. Medidas como o fortalecimento do mercado de crédito de carbono e a estruturação de contratos de longo prazo são consideradas essenciais para atrair investimentos.
A precificação do carbono é um fator-chave para viabilizar economicamente o H2BC. “Com um mercado de carbono bem estruturado, os produtos sustentáveis ganham espaço e reduzem o atual gap de preço em relação ao hidrogênio de origem fóssil”, destaca Katia Rocha, pesquisadora do Ipea e uma das autoras do estudo.
No entanto, o setor ainda enfrenta desafios como a falta de contratos de compra e venda do H2BC, os altos custos iniciais de produção e a necessidade de investimentos em infraestrutura para armazenamento e distribuição.
A primeira etapa da consolidação da indústria nacional de hidrogênio deve focar no mercado interno. Indústrias como fertilizantes, combustíveis renováveis, siderurgia, petroquímica e refino de petróleo são apontadas como prioritárias. “Os projetos devem ser estruturados para atender a indústrias estratégicas do país, garantindo competitividade e consolidando a cadeia produtiva”, reforça Rocha.
A longo prazo, o Brasil pode se tornar um dos principais exportadores globais de hidrogênio de baixo carbono, especialmente para a Europa e a Ásia, onde a demanda por soluções energéticas sustentáveis cresce rapidamente. No entanto, para isso, é necessário estabelecer uma estratégia sólida de comercialização e infraestrutura. “O Brasil pode se tornar um líder global na produção de hidrogênio de baixo carbono, mas para isso é necessário avançar etapa por etapa, consolidando primeiro um mercado interno forte”, ressalta Rocha. Com uma matriz energética majoritariamente renovável, o Brasil está bem posicionado para se destacar na transição para um futuro mais sustentável, desde que os desafios regulatórios, financeiros e estruturais sejam superados.
H2V
O hidrogênio verde (H2V) é produzido a partir da eletrólise da água por meio de fontes renováveis como eólica e solar, um processo de separação da molécula de água (H2O) em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) por meio da passagem de uma corrente elétrica na solução aquosa. Ele pode ser utilizado ainda na composição de outros combustíveis, sintetizados a partir dele, que se beneficiarão das características da cadeia 100% livre (com menor emissão de CO2) Hoje, os países líderes na produção de H2V são Alemanha, Japão e China.
O post Brasil pode produzir 800 mil toneladas de H2V até 2030 apareceu primeiro em O Estado CE.