Cortes na geração de energia renovável devem persistir em 2025, diz Engie Brasil

A Engie Brasil Energia prevê que os cortes de geração renovável, impostos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), permanecerão elevados em 2025, com uma média de 10% da produção total. Segundo a companhia, esse cenário reflete limitações na rede de transmissão e um crescimento baixo do consumo, dificultando a absorção da oferta crescente de energia renovável.

“Estruturalmente, fisicamente, não tem como ser diferente. Você tem novas adições de transmissão modestas, nada relevante no radar. Por outro lado, continua um crescimento importante de oferta, compensado pela demanda”, afirmou Eduardo Takamori, diretor financeiro e de RI da Engie Brasil, durante uma teleconferência de resultados.

Impacto dos cortes na geração renovável

O setor elétrico tem sido afetado pelos cortes de geração em usinas eólicas e solares, comprometendo a viabilidade de projetos e influenciando futuras decisões de investimento.

Parte dessas perdas pode ser ressarcida, mas há uma disputa judicial entre os geradores e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre os valores a serem compensados. Os cortes ganharam mais relevância a partir de 2024, quando aumentaram expressivamente após o ONS adotar uma abordagem mais conservadora na operação do sistema elétrico, especialmente após um apagão ocorrido em agosto de 2023.

“Um nível de 10% médio do ano deve ser aquilo, não colocaria nada muito diferente na projeção”, disse Takamori, referindo-se aos cortes estimados para 2025.

O ONS nega qualquer mudança na operação para restringir fontes renováveis e busca distribuir os cortes de forma mais equilibrada entre diferentes polos de geração. No entanto, empresas do setor se queixam da concentração elevada das restrições em áreas específicas, com alguns projetos registrando cortes superiores a 60% na produção, enquanto outras usinas não são afetadas.

Medidas para mitigar o problema

O governo reconheceu a necessidade de ampliar a capacidade de transmissão de energia do Nordeste, principal região afetada pelos cortes. Para isso, licitações de novas linhas de transmissão foram realizadas, incluindo um bipolo arrematado pela chinesa State Grid no final de 2023, com prazo de 72 meses para implementação.

Outra alternativa que ganha força é o armazenamento de energia, com um leilão em estudo pelo Ministério de Minas e Energia, previsto para este ano.

Comercialização de energia e tendência de preços

No mercado livre de energia, Takamori destacou que os preços estão subindo significativamente, impulsionados pela possibilidade de redução das chuvas e menor afluência hídrica nos próximos meses.

“Agora tem uma reversão, quase de consenso, que a partir de agora vai ter menos água chovendo onde precisa no Brasil… isso antecipa o fim do período úmido. Aliado ao modelo de formação de preço mais avesso a risco, despachando mais termelétricas, os preços tendem a subir”, afirmou Takamori.

Já o gerente de RI da Engie, Rafael Bosio, reforçou que a maior parte da energia da empresa já está contratada para os próximos anos, o que minimiza os impactos imediatos da alta nos preços para a companhia, mas pode influenciar o setor no médio e longo prazo.

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