Após oito meses consecutivos de queda na comparação anual, o número de consumidores negativados voltou a crescer no Ceará. De acordo com dados do Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, apurado pelo SPC Brasil e pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), o estado registrou um aumento de 6,1% na inadimplência entre janeiro de 2025 e janeiro de 2024. O levantamento foi divulgado na última edição do Radar do Varejo Cearense e aponta um avanço de 4,7% na comparação com o mês imediatamente anterior.
Apesar desse cenário, as vendas do comércio cearense continuam a apresentar um crescimento superior à média nacional pelo segundo ano consecutivo. O desempenho positivo reforça a resiliência do setor varejista local, ainda que o aumento da inadimplência acenda um alerta para a sustentabilidade desse crescimento no longo prazo.
O estudo também revela que o valor médio devido por consumidor inadimplente no Ceará é de R$ 4.079,68. Embora esse montante represente uma queda em relação ao registrado em janeiro de 2024 (R$ 4.134,37), a distribuição das dívidas indica um quadro de alerta.
Segundo Freitas Cordeiro, presidente da FCDL-CE, os números médios podem mascarar realidades distintas. “O detalhamento do indicador mostra que 33,7% dos negativados possuem dívidas de até R$ 500. Outros 13,5% devem entre R$ 500 e R$ 1.000, enquanto 14,8% possuem débitos superiores a R$ 7.500”, explica o dirigente. Esse recorte sugere que, enquanto muitos consumidores enfrentam dificuldades pontuais, uma parcela significativa da população acumula dívidas elevadas, o que pode comprometer sua recuperação financeira.
A análise setorial do endividamento revela que os bancos concentram a maior fatia das dívidas em atraso, representando 59,3% do total. Em seguida, aparecem as contas de serviços essenciais, como água e luz, que correspondem a 18,6% do montante. Esse dado reforça a necessidade de reorganização financeira por parte dos consumidores para evitar a reincidência da inadimplência.
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