Bolsonaro diz ter zero preocupação sobre denúncia e afirma ter votos para anistia ao 8/1

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (18) em visita ao Senado que está tranquilo diante da possibilidade de ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de ter liderado uma trama golpista em 2022, o que pode ocorrer ainda nesta semana.

O ex-presidente disse ainda acreditar já ter votos na Câmara dos Deputados para aprovar a anistia aos responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

“Não tenho nenhuma preocupação quanto às acusações, zero”, disse a jornalistas após almoço com senadores aliados.

“Estou aguardando chegar [a denúncia]. Espero que agora eu possa ter acesso aos autos. Você já viu a minuta de golpe, por acaso? Não viu. Eu também não vi. Já viu a delação do [Mauro] Cid? Você não viu. Estou aguardando.”

Bolsonaro foi ao Senado nesta terça para tenta manter a oposição unida diante do cerco do Judiciário. O ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de tentativa de golpe e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicou que a denúncia contra ele está praticamente finalizada.

Após o encontro com aliados, Bolsonaro criticou a decisão da Justiça Eleitoral que o tornou inelegível e voltou a atacar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ex-presidente afirmou que Lula (PT) está “derretendo” e insinuou haver um movimento para impedi-lo de disputar a eleição contra o petista.

“Isso é motivo de inelegibilidade ou eles querem negar a democracia e me impedir de disputar a eleição? Estão com medo do quê?”, questionou o ex-presidente ao dizer que Lula estava derretendo. “O TSE trocou [o presidente da República] e o povo está vendo que não deu certo.”

Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14) mostrou uma queda de 11 pontos em dois meses no percentual de brasileiros que aprovam o governo Lula, de 35% para 24%. A reprovação também se mostrou recorde, ao passar de 34% para 41%.

O ex-presidente negou estar negociando uma anistia a si próprio alegando que o projeto de lei não tem o nome dele e que nem sequer estava no Brasil em 8 de janeiro.

Apesar de ter tentado se descolar da anistia aos golpistas, Bolsonaro defendeu abertamente o projeto de lei que muda a Lei da Ficha Limpa para reduzir o prazo de inelegibilidade de condenados —medida que poderia beneficiá-lo.

Assim como disse em vídeos e entrevistas nos últimos dias, Bolsonaro declarou que a Lei da Ficha Limpa “está sendo usada para beneficiar a esquerda e perseguir a direita”.

“Justifica me tornar inelegível por que eu me reuni com embaixadores? É negar a democracia não deixar eu disputar”, disse.

Em outubro do ano passado, o ex-presidente também foi pessoalmente ao Senado para selar o apoio do PL ao então candidato a presidente, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Após a reunião, defendeu enfaticamente a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e a ele próprio, que está inelegível.

Desta vez, Bolsonaro ressaltou a conversa que teve com o presidente do PSD e Secretário de Governo do Estado São Paulo, Gilberto Kassab, e disse “sentir” que a maioria do partido —que integra a base de Lula— votaria a favor da anistia aos envolvidos no ataque.

“Acho que na Câmara já tem quorum para aprovar a anistia”, afirmou. “Há dez dias conversei com o Kassab, uma conversa reservada. Hoje, o que eu sinto, conversando com parlamentares como os do PSD, a maioria votaria favorável.”

O senador Marcos Rogério (PL-RO) diz que o ex-presidente foi convidado pela bancada para discutir as prioridades da oposição antes da volta aos trabalhos. Bolsonaro chegou ao Senado com o líder do grupo, senador Rogério Marinho (PL-RN).

Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE em junho de 2023. A ação julgada teve como foco a reunião em julho de 2022 com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.

Na ocasião, a menos de três meses da eleição, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando se basear em dados oficiais, e buscou desacreditar ministros do TSE.
(Folhapress)

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