![](https://s2-g1.glbimg.com/ijbHDWN0cNtZepk8VprOsxLkGXA=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/e/0/97zOZURROjG7Qyc5HAAw/decio-clementino-1.jpg)
Comunicação popular e desbocada fazem de Décio Clementino uma celebridade entre os que têm o veículo como companheiro para iniciar o dia. Dia Mundial do Rádio é comemorado nesta quinta-feira. Programa de Décio Clementino está no ar há 40 anos no rádio em Sorocaba
Eric Mantuan/TV TEM
Há quarenta anos, o radialista Décio Clementino cumpre uma rotina que já virou hábito entre os que acordam cedo em Sorocaba: é o “despertador” de milhares de ouvintes que sintonizam o seu programa em uma emissora FM local das 4h às 6h. Com linguagem popular e muita irreverência, o comunicador de 69 anos é praticamente uma celebridade entre motoristas, policiais, enfermeiros e todos aqueles que têm o rádio como companheiro para iniciar o dia.
📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp
A comunicação desbocada e cheia de bordões, como “Acorda, fio de Deus”, “Acorda, criatura” ou “Olha a hora, hora o ônibus”, entremeados com palmas, imitações, muitos gritos e piadas, segundo Décio, surgiu naturalmente.
“Eu falo como estou falando com você, naturalmente, sem pensar. É como diziam minha mãe e minha esposa: caiu na graça do povo, acabou. Se não caiu, não adianta enfeitar. E assim estou aqui há 40 anos”, diz o apresentador da rádio Nativa Sorocaba (antiga Cacique FM).
Centenas de ouvintes entram em contato via WhatsApp para pedir músicas e mandar áudios
Eric Mantuan/TV TEM
A cada manhã, Décio recebe centenas de mensagens via WhatsApp que interagem com ele contando piadas, desejando “bom dia” ou pedindo músicas. Nesse caso, a tecnologia substituiu o telefone. “Não dá tempo de dar alô para todo mundo”, diz. Outras coisas também mudaram, como a transmissão do sinal: surgido do rádio AM, o programa hoje vai ao ar em frequência modulada (FM 96,5) e também pela internet.
Por questões de “saúde”, Décio não apresenta mais o programa sem camisa, o que foi uma de suas características até cerca de dois anos atrás. Mas a playlist é imutável e não admite modernidades: continua sertaneja “raiz”. “Aqui não tem Gusttavo Lima”, brinca. Nessas quatro décadas, “Moreninha Linda”, de Tonico e Tinoco, é a canção que abre o programa, e “Música da Saudade”, de Gilberto e Gilmar, a que o encerra.
Por décadas, característica do locutor Décio Clementino foi apresentar programa sem camisa
Reprodução
Além da apresentação do programa, Décio também vende as publicidades e é sócio da emissora nos ganhos do horário, que tem cerca de 10 anunciantes. Os textos publicitários seguem o mesmo estilo irreverente e vão do “pão de queijo feito com leite da vaquinha solteira” ao anúncio da funerária que dará um caixão para alguém que “vai subir a rua Hermelino Matarazzo (conhecida por ter um grande cemitério) de costas”.
“Eu transmito alegria. É difícil você acordar todo dia bom. Eu tenho canseira, sou humano, me perguntam se não tenho problemas, mas eu deixo eles lá na rua quando entro na rádio. Agora (depois do programa), a ‘mala’ de problemas está lá”, compara.
‘Pode falar bobagem’
Décio Clementino conta que sua carreira de radialista teve início em 1985 graças a outra profissão que exercia: de cuidador de idosos. Antes, também foi técnico de autópsias. Contratado para ser enfermeiro do dono da rádio Cacique, Orlando Bismara, ele passou a motorista do locutor que lhe deu a primeira oportunidade ao microfone: Valone Neto, falecido em 2020.
Valone Neto (à direita) foi quem deu primeira chance no rádio a Décio Clementino
Arquivo pessoal
“O Valone Neto era cego e eu quem ia buscá-lo em casa. E ficava sentadinho com ele no estúdio. Um belo dia ele deu um tapa nas minhas costas, eu dei um grito no ar, e ele começou a brincar comigo. ‘Não tem ninguém nos escutando, pode falar bobagem’, ele dizia. Até um dia em que ele ficou doente e eu fui sozinho para a rádio. Pedi ajuda para o operador e ele desligava o microfone quando tinha pouca coisa para falar”, recorda-se.
A direção da rádio, então, gostou do trabalho do iniciante, mudou Valone Neto de horário e deu a Décio a faixa das 4h às 7h que o consagrou. De lá para cá, são incontáveis as madrugadas em que o radialista acorda, deixa a sua casa no bairro Brigadeiro Tobias, na zona leste de Sorocaba, por volta das 3h30, e abre a emissora. A compra da casa própria no bairro, inclusive, ele credita ao rádio, bem como tudo mais o que conseguiu conquistar desde então em sua vida.
Dia Mundial do Rádio
Profissionais do setor também comemoram o Dia do Radialista em 21 de setembro e 7 de novembro
Eric Mantuan/TV TEM
O Dia Mundial do Rádio foi criado em 2011 pela Unesco para homenagear a primeira transmissão radiofônica realizada pela rádio das Nações Unidas, em 13 de fevereiro de 1946. Os profissionais do setor também comemoram o Dia do Radialista, em 21 de setembro e 7 de novembro.
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM