A imposição de sobretaxa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, confirmada por Donald Trump nesta segunda-feira, 10/02, faz parte da política tarifária do atual presidente dos Estados Unidos, prometida em sua campanha eleitoral. Para “tornar a América grande novamente” — seu slogan principal —, Trump prometeu aumento de tarifas em diversos produtos importados, para privilegiar as empresas americanas contra a concorrência internacional.
Em apenas vinte dias no poder, Trump impôs tarifas de 10% sobre todas as importações da China para os EUA. Tarifas contra Canadá e México também foram anunciadas — mas suspensas por um mês enquanto são negociadas.
No caso atual, Trump retoma um dos maiores movimentos comerciais de seu primeiro mandato como presidente. Em março de 2018, Trump introduziu tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio contra a maioria dos países, usando a segurança nacional como justificativa, antes de estendê-las à UE, Canadá e México em junho.
Trump afirmou na época que elas reduziriam o déficit comercial e impulsionariam a manufatura doméstica.
Na prática, além de afetar empresas estrangeiras, também prejudicaram as empresas locais e os próprios consumidores americanos, face à elevação dos custos das cadeias produtivas. E a arrecadação de impostos resultante da imposição de tarifas foi muito baixa em comparação com o que o governo arrecada por meio de impostos individuais e corporativos. Em pouco tempo, as tarifas caíram para o aço e foram mantidas a 10% para o alumínio, com uma cota de importação definida.
A atual medida tem potencial de impacto relevante sobre o setor no Brasil, já que os EUA são o destino de 50% de nossas exportações de aço e alumínio. São quase $ 6 bilhões que engordam anualmente nossas divisas. Mas uma imediata retaliação às medidas, no entanto, levaria o País a perder muito mais que os Estados Unidos, visto serem o maior destino das exportações industriais brasileiras. No ano passado nós exportamos cerca de US$ 40 bilhões para eles e cerca de US$ 31 bilhões corresponderam a produtos da indústria de transformação.
O mais prudente seria aguardar, primeiramente, se a taxação de fato se efetivará e se prolongará por período extenso – o que não ocorreu em momentos anteriores. Sem esquecer que, como a taxação é global, o impacto será uniforme, podendo os países e fabricantes com maior produtividade, qualidade, escala e facilidade logística – propriedades das quais nossa siderurgia é reconhecidamente dotada, desfrutarem de vantagens consideráveis na disputa por novos compradores.
Não tem como substituir o EUA, mas é possível focar em outros países Ásia e principalmente da Europa, que já são grandes importadores do aço brasileiro.
Portanto, embora a tarifa represente um desafio, ela também abre espaço para novas oportunidades de crescimento e diferenciação no mercado.
JOSÉ MARIA PHILOMENO
ADVOGADO
E ECONOMISTA
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