Da mesma família do limão e da laranja, tipo de cidra é considerada um amuleto de sorte e prosperidade em países asiáticos. Em templos budistas, mão-de-buda é oferecida como um fruto sagrado, pois sua forma lembra uma mão em oração
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Imagine uma fruta que se assemelha a uma mão com dedos longos e retorcidos, como se estivesse em um gesto de oração. Essa é a mão-de-buda (Citrus medica var. sarcodactylis), nativa do noroeste da Índia e amplamente cultivada em países asiáticos.
Seu nome científico faz referência à sua peculiaridade: “sarcodactylis” vem do grego sarkos e significa “dedos carnudos”. Da família Rutaceae, a mesma do limão, laranja e arruda, a mão-de-buda cresce em pequenas árvores ou arbustos espinhosos, podendo atingir de 2 a 4 metros de altura.
Diferente de outras frutas cítricas, sua polpa suculenta é ausente ou reduzida, sendo formada predominantemente por uma espessa camada branca e de textura esponjosa, o albedo, parte interna da casca de frutas cítricas
O cultivo requer solo rico e bem drenado, clima ameno e sem extremos de seca ou geada, o que a torna uma espécie rara no Brasil, encontrada apenas em pomares particulares.
Significado cultural e histórico
A mão-de-buda carrega um forte simbolismo espiritual. Em templos budistas, é oferecida como um fruto sagrado, pois sua forma lembra uma mão em oração.
Também é usada como decoração em festividades de Ano Novo na China e no Japão, sendo considerada um amuleto de sorte e prosperidade.
Aroma intenso e versatilidade gastronômica
Se não possui uma polpa suculenta, por que a mão-de-buda desperta tanto interesse? A resposta está em sua casca extremamente aromática.
“As raspas da casca são utilizadas na gastronomia para perfumar pratos, doces e bebidas, além de serem empregadas na produção de compotas e cascas cristalizadas”, explica Carolina.
Seu perfume intenso também é valorizado para perfumar ambientes e roupas, um costume comum em países do leste asiático.
Propriedades medicinais
Segundo Carolina, além do aroma e do valor cultural, a mão-de-buda possui compostos bioativos como flavonoides e terpenos, com possíveis efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios.
“Tradicionalmente utilizada na medicina chinesa, acredita-se que possa beneficiar o fígado, o pâncreas e o estômago, além de auxiliar no tratamento de doenças crônicas como a asma”.
Entretanto, especialistas reforçam que ainda são necessários estudos clínicos mais aprofundados para comprovar sua eficácia.
Um alerta para o cultivo
Apesar de ser uma fruta fascinante, Carolina alerta sobre o risco da introdução indiscriminada de espécies exóticas, pois algumas plantas podem se tornar invasoras e comprometerem ecossistemas locais, como a palmeira-australiana (Archontophoenix cunninghamiana) em sub-bosques de Florestas Estacionais Semideciduais, a invasão de braquiária (Urochloa spp.) em campos limpos do Cerrado e de leucena (Leucaena leucocephala) em áreas ciliares.
“As plantas com potencial invasor apresentam, dentre outras características: elevada variabilidade genética, altas taxas de reprodução, produção de sementes e dispersão. Essas características contribuem com a capacidade da planta exótica de invadir e prejudicar seu novo habitat. Por isso, antes de cultivar mudas adquiridas pela internet, é essencial conhecer seu comportamento e os impactos que pode causar ao meio ambiente”, conclui a botânica.
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