O dólar à vista, que já operava em alta no pregão desta sexta-feira (7), renovou as máximas e ultrapassou os R$ 5,80 após o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, indicar que um reajuste no Bolsa Família está em discussão, durante entrevista à Deutsche Welle Brasil.
A decisão será tomada até março e pode incluir um ajuste direto no benefício ou um complemento alimentar para as famílias atendidas.
Além da valorização da moeda americana no exterior, tanto frente a divisas fortes quanto a emergentes, operadores do mercado apontam que o comentário do ministro gerou desconforto, aumentando a pressão sobre o câmbio.
Segundo informações do Broadcast, integrantes da equipe econômica afirmaram que a declaração é mais um ruído de comunicação do governo. Os técnicos afirmaram não haver espaço orçamentário para um aumento no valor do benefício e a medida pioraria o cenário inflacionário. No Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) deste ano, ainda pendente de votação pelo Congresso, o governo reservou R$ 167,2 bilhões para o Bolsa Família.
Inflação dos alimentos pressiona decisão
O preço dos alimentos subiu mais de 8% em 2024, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento impacta diretamente o poder de compra das famílias mais vulneráveis, o que levou o governo a considerar mudanças no programa de transferência de renda.
De acordo com Dias, o objetivo do governo é manter o piso internacional de US$ 40 per capita para consumo alimentar, garantindo que os beneficiários do programa tenham acesso a uma alimentação básica adequada.
Medidas para conter a alta dos alimentos
Além do possível reajuste do Bolsa Família, o governo trabalha para evitar novos aumentos nos preços dos alimentos. O Plano de Segurança Alimentar inclui ações da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para equilibrar os estoques e impedir oscilações de preços causadas por exportações excessivas.
Para 2025, o governo prevê um equilíbrio nos preços do arroz, após medidas para incentivar a produção nacional. No entanto, itens como carne, café e óleo ainda seguem dando dor de cabeça para os brasileiros, devido à alta demanda no mercado internacional.
Bolsa Família como instrumento de desenvolvimento
O ministro destacou que o Bolsa Família não é apenas um programa assistencial, mas uma ferramenta para tirar famílias da pobreza e incentivá-las ao empreendedorismo e ao mercado de trabalho. Ele mencionou a criação do Programa Acredita, que oferece crédito a pequenos empreendedores sem necessidade de avalista.
O governo também aposta em programas de capacitação para qualificar beneficiários e ajudá-los a alcançar estabilidade financeira sem depender do auxílio.
Menos beneficiários em 2025
Apesar da possibilidade de reajuste, o governo espera reduzir o número de beneficiários do Bolsa Família ao longo de 2025. Atualmente, 20,8 milhões de famílias recebem o auxílio, número inferior aos 27 milhões previstos antes da reformulação do programa.
A redução ocorre devido a ações de combate a fraudes e à melhora na situação econômica de parte dos beneficiários, que passaram a conciliar o benefício com renda do trabalho formal.
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