O discurso alvissareiro do presidente da Assembleia Legislativa

A nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Ceará assumiu o comando da Casa no dia primeiro do mês em curso, sob naturais expectativas não apenas dos servidores, mas de toda a sociedade cearense, uma vez que o Parlamento é uma caixa de ressonância dos anseios e reivindicações do povo cearense. Pela ação e pela voz dos representantes eleitos, a população espera que suas necessidades e demandas sejam atendidas. A Mesa Diretora do Poder Legislativo, em especial seu presidente, é uma espécie de termômetro em que a psicologia social mede a força política do Colegiado em face dos demais poderes, notadamente do poder executivo que detém grande força centrípeta no nosso sistema de governo.
Em sua primeira manifestação pública como presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Ceará e, por extensão, do colegiado formado por mais quarenta e cinco parlamentares, o deputado Romeu Aldigueri como que desanuviou os maus augúrios que num primeiro momento pairaram igualmente nuvens plúmbeas sobre segmentos dos servidores públicos e da própria população. Sua “fala do trono” apontou claramente para uma continuidade naquilo que assoma como legado positivo de seus antecessores, sem descuidar das mudanças necessárias para o aperfeiçoamento da gestão do Poder, escoimando-o dos apêndices desnecessários, para que o corpo possa funcionar com a eficiência e agilidade que a sociedade requer; para que se concretize a consecução dos objetivos colimados, sempre tendo como foco definido a prestação de um serviço de qualidade ao pagador de impostos. Com efeito, a carga tributária que o cidadão cearense carrega sobre os ombros não é nada leve.

É certo que o Parlamento não executa políticas públicas, mas legisla sobre tal. O parlamentar sugere, corrige, emenda, critica, fiscaliza, aponta caminhos ao poder executivo. E deve fazê-lo com altivez, sem subserviência e sem salamaleques ao governo ou ao poder judiciário. Porque o Parlamento é o santuário da democracia chancelado pelo povo e como tal deve ser respeitado. Aliás, o vocábulo democracia parece ter sido escrito com letras grandes no discurso de posse de Romeu Aldigueri, ensejando, destarte, confiança em que sob seu comando a Assembleia Legislativa será uma Casa altiva, a preservar internamente o equilíbrio entre os pares de pensamentos díspares, servindo como exemplo de boa convivência e civilidade para a comunidade.

No âmbito interno Romeu Aldiguéri acalmou os ânimos e foi claro ao requerer um dado óbvio nem sempre levado em conta no serviço público: os direitos existem na proporção do cumprimento dos deveres. Isto como que significa dizer com o Apóstolo Paulo, que quem não trabalha não come. Em bom nordestinês: nada de rodeios ou tergiversações no que diz respeito ao imprescindível desempenho das funções profissionais de cada um e de todos na melhoria permanente dos serviços que a Casa entrega à população cearense.

Por final devo ressaltar um ponto do discurso do presidente que fala diretamente a quantos lidam com arte e cultura no Ceará. Depois de expressar compromisso com processos educacionais da juventude, nos quais quer a Assembleia Legislativa como protagonista, ele sentenciou: “Incentivaremos e apoiaremos mais arte e cultura em todas as suas formas; seja como música, dança, teatro, literatura. Iremos aproximar os mais diversos tipos de linguagens a fim de dinamizar e modernizar a imagem dessa Casa.” E afirmou que o “Ceará de Valores” , um programa de ação inclusiva de diversos segmentos de nossa sociedade, “terá como missão apresentar os nossos mais valorosos cearenses ao nosso povo. São escritores, atletas, poetas, músicos, pensadores, artistas, pessoas que devam ser imitadas e que precisam ser enxergadas e valorizadas como referência para todos.” Sem dúvida, sob uma gestão competente, que não se deixe levar pelos ventos da mediocridade política que tem desencaminhado tantos bons projetos, a Assembleia Legislativa do Ceará, usando o ouro de bom quilate que tem em suas mãos, poderá servir de belo exemplo para os demais Estados brasileiros.

BARROS ALVES
JORNALISTA, POETA E ASSESSOR PARLAMENTAR

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