O dólar à vista fechou esta terça-feira (4) em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,77 — menor valor desde 19 de novembro, quando fechou a R$ 5,7672. Foi a primeira vez, desde 19 de novembro, que a moeda americana fecha abaixo dos R$ 5,80.
O movimento ocorreu apesar da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sugerir que a taxa Selic pode superar 15% no fim do atual ciclo de alta de juros.
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A queda do dólar no Brasil acompanha um cenário global de enfraquecimento da moeda americana. No mercado internacional, a expectativa de mudanças na política comercial dos Estados Unidos e a possibilidade de um Federal Reserve (Fed) menos rígido contribuíram para o recuo da divisa.
Impacto da política dos EUA
Pela manhã, o dólar chegou a subir moderadamente, com investidores realizando lucros após 11 pregões de queda. Entretanto, a moeda passou a recuar ainda antes do meio-dia, após a Casa Branca informar que o presidente dos EUA, Donald Trump, teria uma conversa telefônica com o líder chinês, Xi Jinping. No meio da tarde, fontes da Dow Jones disseram que o diálogo não ocorreria no dia.
No mercado, há especulações de que Washington pode suspender a imposição de tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses caso a China ceda em pontos da agenda americana.
Ontem, Trump suspendeu a aplicação de tarifas de 25% ao Canadá e ao México, em troca de medidas para reforçar a segurança nas fronteiras.
Desempenho do índice DXY
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, operava abaixo dos 108,000 pontos no fim da tarde, com mínima de 107,933 pontos. Entre as moedas emergentes, apenas o peso mexicano se desvalorizou no dia.
Efeito dos juros e do Fed
Outro fator que pesou sobre o dólar foi a divulgação de dados mais fracos da economia americana. Relatórios mostraram que a abertura de vagas de emprego nos EUA (Jolts) e as encomendas à indústria ficaram abaixo das expectativas para dezembro. Isso indica uma possível desaceleração do mercado de trabalho, o que pode levar o Fed a adotar uma política monetária menos restritiva.
“O relatório Jolts sugere que o mercado de trabalho americano está perdendo força, o que pode levar o Fed a ser menos agressivo na alta de juros. Isso pressiona o dólar para baixo”, explicou André Galhardo, economista da Remessa Online, em entrevista ao Estadão Broadcast.
A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que a inflação está convergindo para a meta de 2% e que a política monetária está bem ajustada ao atual cenário.
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O mercado futuro de juros do CME Group já reflete uma probabilidade maior de cortes acumulados de 50 pontos-base na taxa de juros dos EUA ao longo do ano.
Cenário interno e câmbio
Além do cenário externo, a alta da taxa Selic no Brasil tem aumentado o interesse por operações de carry trade, estratégia em que investidores tomam empréstimos em moedas de juros baixos e aplicam em mercados de taxas mais altas. Com os juros elevados, manter posições compradas em dólar tornou-se mais caro, incentivando a venda da moeda.
A ata do Copom divulgada nesta terça-feira reforçou que os riscos inflacionários ainda prevalecem. O documento trouxe um tom mais rígido em relação ao comunicado da última reunião do BC, sugerindo que a Selic pode subir além dos 15% ao ano.
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