A Organização das Nações Unidas (ONU) nomeou, na terça-feira (28), outro militar brasileiro para comandar a Monusco ou Missão para Estabilização na República Democrática do Congo. Trata-se do general Ulisses De Mesquita Gomes, que assume o cargo no momento em que o país africano enfrenta uma das piores crises em anos.
No início desta semana, o M23, grupo armado formado por rebeldes tutsi, anunciou a tomada da cidade de Goma, na fronteira com Ruanda. Os congoleses acusam o Governo do país vizinho de apoiar os rebeldes, o que ele nega. Funcionários de organizações humanitárias que atuam na área afirmam que as ruas da cidade ficaram lotadas de corpos.
Gomes substituirá um comandante interino. Segundo o comunicado em que a ONU anunciou a nomeação dele, o militar tem 35 anos de experiência estratégica, operacional e diplomática em gestão de conflitos, resposta a crises e operações de manutenção de paz.
Até assumir a Monusco, o militar atuava como chefe-adjunto do Comando Logístico do Exército Nacional. Antes disso, foi adido militar do Brasil nos Estados Unidos e assessor de Defesa do Ministro de Assuntos Estratégicos brasileiro, entre outros.
Ele também serviu em 2008 e 2009 na Minustah, a Missão de Estabilização da ONU no Haiti liderada pelo Exército brasileiro que durou de 2004 a 2017, e ocupou diversas posições ligadas a assuntos militares na ONU.
O Brasil não está entre as nações que mais contribuem com a Monusco em termos de tropas. Mas ela já foi chefiada por ao menos cinco militares brasileiros desde que assumiu seus moldes atuais, em 2010.
São eles Otávio Rodrigues De Miranda Filho (2023-2024), Marcos de Sá Affonso da Costa (2021-2023), Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves (2020-2021), Elias Rodrigues Martins Filho (2018-2020) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (2013-2015). O último foi ministro-chefe da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (PL), antes de romper com o ex-presidente.
A missão atual tomou o lugar da Monuc, a Missão da ONU para a República Democrática do Congo, instituída em 1999. Na época da criação da Monusco, o Conselho de Segurança atribuiu a ela dois objetivos principais: proteger civis e apoiar instituições públicas e grandes reformas de governança e segurança no país.
Segundo a página oficial da missão, em outubro de 2024 ela empregava cerca de 30 mil pessoas. No último sábado (25), porém, a entidade multilateral retirou muitos dos funcionários que serviam em Goma e os pôs em ônibus para o aeroporto para transferi-los para Entebbe, na também vizinha Uganda.
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