Protecionismo em Alta

As recentes declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas adicionais a produtos brasileiros, colocam o Brasil diante de um dilema comercial e diplomático. Ao adotar um discurso protecionista, Trump deixou claro seu descontentamento com as tarifas aplicadas pelo Brasil a produtos americanos, prometendo reciprocidade: “A palavra ‘recíproco’ é importante. O Brasil nos taxa muito. Se eles querem nos taxar, tudo bem. Taxaremos de volta.”

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com exportações brasileiras para o mercado americano totalizando mais de US$ 40 bilhões em 2024, representando um crescimento de 9,2% em relação ao ano anterior. Produtos agrícolas, como soja, carne e etanol, lideram as exportações, seguidos de manufaturados e produtos siderúrgicos. Nesse contexto, a imposição de tarifas adicionais por parte dos EUA pode gerar impactos significativos para setores estratégicos, reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros e aumentando os custos de exportação.

Empresas brasileiras que já possuem operações nos Estados Unidos podem encontrar formas de mitigar os impactos dessa política protecionista. No entanto, a grande maioria dos exportadores brasileiros depende de um ambiente comercial estável e previsível para manter seus resultados positivos. Qualquer medida que ameace esse equilíbrio pode acarretar perdas econômicas consideráveis.
Além disso, a retórica protecionista de Trump levanta um alerta para o Brasil quanto à necessidade de diversificar seus mercados. Embora os Estados Unidos sejam um parceiro estratégico, a dependência excessiva de qualquer país torna a economia mais vulnerável a mudanças bruscas nas políticas comerciais. Este é o momento de fortalecer acordos regionais e ampliar relações comerciais com mercados asiáticos e europeus, reduzindo os riscos de instabilidade.
As ameaças de Trump também têm implicações para o comércio internacional. O protecionismo tarifário, especialmente por parte de uma das maiores economias do mundo, tende a desencadear retaliações e aumentar as tensões comerciais globais. Esse cenário ameaça desacelerar o crescimento econômico, elevar a inflação e desestabilizar cadeias produtivas interligadas, com impactos que vão muito além das fronteiras dos países diretamente envolvidos.

Diante desse cenário, o Brasil deve adotar uma postura estratégica e assertiva. É essencial priorizar a diplomacia comercial e buscar alternativas que minimizem os impactos de um eventual confronto tarifário com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o país deve reforçar sua posição como fornecedor confiável de alimentos e insumos no mercado global, ampliando sua presença em outros blocos econômicos.
Mais do que nunca, a realidade comercial impõe ao Brasil a necessidade de repensar sua estratégia de inserção internacional. As palavras de Trump, embora polêmicas, são um lembrete de que um sistema comercial global mais equilibrado e estável só será alcançado com planejamento estratégico e cooperação multilateral.

BEATRIZ SIDRIM
JURISTA E
CEO DA DESTINOS
OBJETIVOS

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