Apesar do avanço da ciência e de programas de incentivo à saúde, percebo que muitos homens ainda não procuram consultas urológicas com frequência. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 46% dos homens só buscam atendimento médico quando sentem algum sintoma, deixando de lado os exames preventivos. Esse comportamento tem sérias consequências, como o elevado número de amputações de genitálias masculinas no Brasil. De acordo com a SBU, mais de 600 homens passam por essa cirurgia anualmente em nosso país.
A principal causa dessas amputações é o câncer de pênis. Embora seja uma doença grave, pode ser prevenida com medidas simples, como a higiene íntima adequada. Entretanto, é notório que muitos homens ainda negligenciam esse cuidado. Além disso, outra razão que observo para esse alto número de casos, é a dificuldade no acesso ao especialista e o diagnóstico tardio, que impede o tratamento da doença em sua fase inicial. Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o papilomavírus humano (HPV), também podem causar complicações graves que podem levar à amputação do pênis.
As consequências de uma amputação vão além da perda física. A cirurgia pode afetar a função urinária, exigindo procedimentos para reconstruir a uretra. Ademais, há um impacto significativo na vida sexual e na autoestima, o que pode desencadear quadros de depressão e isolamento social.
Portanto, diante desse cenário, digo que é fundamental que os homens mudem seus hábitos e adotem um acompanhamento urológico regular, mesmo sem apresentar sintomas. A prevenção é um gesto de autocuidado e responsabilidade. Além disso, os pais também têm um papel importante, que é educar seus filhos desde cedo sobre a importância da higiene íntima, do uso de preservativos nas relações sexuais e da vacinação contra o HPV, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Cuidar da saúde íntima é mais do que uma questão de higiene; é um compromisso com a própria vida. Quanto mais cedo os homens adotarem essa consciência, menores serão os riscos de complicações e melhor será a qualidade de vida.
DIEGO CAPIBARIBE
UROLOGISTA
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