O fortalezense está convivendo com inflação de um dos produtos mais amados: o chocolate. O preço da iguaria em barra e dos bombons na capital cearense acumulou alta de 19,13% em 2024, segundo apontou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A novidade, no entanto, não é um ineditismo da capital cearense. Em todo o país, o chocolate aumentou 11,99% no mesmo período. O avanço, o maior desde janeiro de 2023, superou em mais de duas vezes a inflação geral do período, que fechou o ano em 4,83%.
A principal causa dessa disparada foi a elevação expressiva nas cotações do cacau, matéria-prima essencial na fabricação de chocolates. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), o fenômeno climático El Niño devastou plantações em Gana e na Costa do Marfim, que juntas respondem por 70% da produção mundial de cacau. O impacto fez o preço da tonelada saltar de US$ 2.500 em 2023 para US$ 10,5 mil (R$ 63,5 mil) em 2024.
Capitais
Entre as capitais pesquisadas, São Luís liderou o ranking da inflação do chocolate (20,63%), seguida por Fortaleza (19,13%), Belém (19,12%) e Aracaju (15,88%). Na maior metrópole do país, São Paulo, a alta foi de 12,61%, em linha com a média nacional. Por outro lado, Rio Branco registrou a menor inflação de chocolates, com alta de apenas 5,21%, seguida por Curitiba (7,02%) e Vitória (8,57%). A discrepância reflete diferenças no custo logístico, estratégias de precificação regional e comportamentos de consumo.
Produção nacional
A Abicab afirma que as indústrias associadas monitoram de perto as oscilações de mercado e possuem reservas de cacau para lidar com a demanda. Entretanto, o setor já sinaliza que o impacto pleno das cotações do cacau em 2024 pode chegar ao consumidor em 2025. No Brasil, o sul da Bahia desponta como protagonista da produção de cacau, beneficiando-se da valorização do insumo. Dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) mostram que a Bahia ultrapassou o Pará em 2023, consolidando-se como o maior produtor nacional. O boom nas cotações anima os produtores locais, que já projetam investimentos na expansão da produção.
Embora a valorização do cacau represente uma boa notícia para os produtores, o impacto no mercado interno ainda é incerto. “A demanda deve sofrer pressão no início do ano devido ao orçamento mais apertado das famílias, o que pode frear novos aumentos de preço”, analisa Serigati. Contudo, a oscilação do dólar e a continuidade das condições climáticas adversas podem prolongar a volatilidade. Entre desafios e oportunidades, o cenário dos chocolates em 2025 será marcado pela busca de equilíbrio entre a indústria e o consumidor. Enquanto o mercado global pressiona os custos, a expectativa é de que as estratégias do setor consigam mitigar impactos e preservar a competitividade no mercado interno.
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