Quem assistiu ao debate entre os candidatos à prefeitura de Fortaleza, na Band, na última quinta-feira, talvez tenha tido motivos para gargalhar dos acontecimentos protagonizados pelos que se enfrentaram através do discurso. Houve até troca de camisa. Sim, o atual prefeito e candidato Sarto exigiu que o senador e candidato Eduardo Girão não trajasse a blusa que tinha o seguinte escrito “Não falta dinheiro na prefeitura, falta gestão”.
Já lá pelo meio do debate, Girão aparece de blusa social azul. Infelizmente, houve também muita fuga ao tema das perguntas e dos comentários. A participação do povo e de especialistas com questionamentos foi positiva. Aparentemente alguns candidatos não estavam preparados para questionamentos sobre determinados assuntos importantíssimos para a vida da cidade.
Teve candidato que lembrou da conduta de outros que estão na corrida para o paço municipal durante o tempo da pandemia. Candidato que sofreu na pele o perigo da covid-19, enquanto outros apoiavam o ex-desgoverno, passeando por praias.
A grande divisão política, que marca o país há anos, fez-se presente no debate, deixando clara a localização, a municipalização do embate nacional. O candidato do PL, apoiado pelo ex-presidente da república, chegou ao extremo de chamar o Partido dos Trabalhadores de “facção criminosa”. O petista de última hora, candidato do PT, fez uma boa defesa da sigla, enfatizando a importância social do partido, as muitas políticas em benefício do povo pobre implementadas pelo PT.
Foi um programa longo, que começou e terminou tarde da noite. Difícil assistir, no caso de quem acorda cedo, pega ônibus, anda em meio aos montes de lixo espalhados por diversos pontos e trabalha o dia todo. No final, Sarto colocou o óculos descolado com o qual aparece em vídeos no Instagram, forçando uma performance quase teatral. Girão evocou pautas conservadoras como suas, mostrando a miniatura de um feto (ele é contra o aborto).
Dentre as observações acerca do primeiro debate, não poderia deixar de constar que dois candidatos não foram convidados e não tiveram a oportunidade de se apresentar ao público, não puderam fazer propostas para a cidade através do alcance da TV como meio de comunicação. Zé Batista (PSTU) e Chico Malta (PCB) ficaram de fora. As emissoras e afiliadas têm obrigação de convidá-los? Não. Mas fica incompleta a participação de todos que concorrem para a chefia do executivo municipal.
FELIPE AUGUSTO FERREIRA FEIJÃO
PROFESSOR E
MESTRE EM FILOSOFIA
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