Casa de Andaluzia transforma vidas com cursos de costura e moda em Fortaleza

A Casa de Andaluzia, em seus mais de 20 anos de história, é mais do que um espaço de aprendizado; é um refúgio de transformação. Por meio do projeto Costurando Vidas, a organização tem impactado mulheres em situação de vulnerabilidade, pessoas trans e comunidades periféricas, usando a moda como ferramenta de mudança e expressão. As inscrições para o próximo curso de costura e modelagem já estão abertas, com vagas gratuitas.

“Nosso principal objetivo enquanto projeto, claro, além de formar mulheres na área de costura e moda, é torná-las capazes de gerir seu próprio negócio, fortalecendo e dando autonomia no ramo do empreendedorismo,” explica Marcelo Mota, presidente e professor da Casa de Andaluzia.
O impacto do projeto também se estende à comunidade LGBTQIA+. Marcelo destaca que o Costurando Vidas promove um trabalho de reinserção social através da qualificação profissional, com apoio jurídico e social, em parceria com centros de referência como Janaina Dutra e Thina Rodrigues, auxiliando no processo de retificação de nome e gênero.

“Atualmente estamos iniciando uma nova turma com alunas prioritariamente mulheres e homens trans, mulheres imigrantes e egressas do sistema prisional. Estaremos atuando como parte do nosso programa de descentralização das nossas atividades, nas comunidades do Serviluz e Pirambu, com mulheres empreendedoras ou aquelas que tenham interesse em iniciar seu empreendimento. Juntamente com as entidades parcerias que já atuam nesses territórios e através de um financiamento de uma ONG espanhola, Manos Unidas, estaremos dando todo o suporte técnico, financeiro e social para que novas potências sejam descobertas a partir das oficinas, cursos e formações, dando autonomia e sustentabilidade a essas mulheres que por muitas vezes só precisam de oportunidades,” complementa Marcelo.

Acolhimento
O espaço da Casa de Andaluzia é descrito como um local de acolhimento e potência. “Nos tornamos um espaço de referência e resistência para mulheres que, de certa forma, não têm acesso ao universo da moda. Aqui, elas podem expressar suas dores, resiliência e criatividade através da roupa — uma roupa que muitas vezes lhes é negada. Corpos trans, gordos e periféricos ainda são vistos como algo não rentável. Aqui, elas quebram esses estigmas, criando seus próprios looks e os exibindo em um grande desfile de moda,” conta Marcelo.

A iniciativa também rompe barreiras geográficas, alcançando territórios como a comunidade indígena dos Tapebas. “Pra mim, em particular, foi gratificante. Nunca havia trabalhado em espaços assim. Levamos formação para mulheres que tinham interesse em empreender e gerar renda em seus territórios. Ali, também observei o resgate de potências, não apenas na costura, mas também no artesanato, que muitas vezes é esquecido devido à colonização e seus processos,” comenta Marcelo sobre a experiência.

História de transformação
Edna Nascimento, aluna e participante do projeto, encontrou no Costurando Vidas um caminho de superação e orgulho. Membro da comunidade Tapeba, ela ressalta como o projeto ajudou a transformar sua arte em ferramenta de resistência. “Podemos trabalhar a pintura que fazemos no corpo e transferi-la para o tecido, contando a história da nossa vida, como a pescaria. Todo o meu trabalho é inspirado na vivência, na encantaria e na ancestralidade,” explica Edna.
Ela também relembra seus desafios pessoais: “Meu principal desafio era comigo mesma. Pensava: ‘será que consigo?’. O Costurando Vidas me deu a oportunidade de responder essas perguntas. Descobri que era capaz de costurar e, principalmente, de contar a história do meu povo através disso.”
Hoje, Edna celebra as conquistas. “O primeiro look que fiz no curso básico foi um vestido. Ele me trouxe a certeza do que eu queria para mim. Hoje, sou muito grata pela profissional que me tornei através do Costurando Vidas. Só gratidão,” finaliza.

Por Priscila Sampaio

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