A cidade do interior que quase foi vendida por R$ 9 trilhões para a China

A cidade de Mataraca, no interior da Paraíba, estava prestes a receber um massivo investimento de R$ 9 trilhões vindo da China, com o objetivo de se tornar o novo epicentro do desenvolvimento global.

Com apenas 8.300 habitantes, o município estava se preparando para transformar-se em uma metrópole futurista, equipada com um porto offshore de última geração e infraestrutura de ponta. No entanto, o investimento foi cancelado devido a suspeitas de irregularidades.

Mataraca está localizada próxima à fronteira com o Rio Grande do Norte e ocupa uma área de 174 km². A cidade possui um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 230 milhões, advindo de uma economia diversificada, com destaque em turismo e na mineração de titânio, um mineral altamente valorizado no mercado internacional.

O cenário econômico atraiu o interesse de um grupo de investidores chineses, conhecido como Brasil CRT, que via em Mataraca uma oportunidade única para um empreendimento de magnitude impressionante.

Por que Mataraca?

Mataraca – Foto: Wikimedia / Divulgação

Com um PIB relativamente alto para uma cidade pequena do nordeste, Mataraca parecia ser o local ideal para um investimento tão grandioso. Segundo os planos do Brasil CRT, o investimento incluiria a construção de um megaporto offshore e a transformação de Mataraca em uma metrópole do futuro.

Esse projeto prometia não apenas lançar Mataraca no mapa global, mas também trazer um desenvolvimento econômico significativo para a região.

Quais Eram as Promessas do Investimento?

Em dezembro de 2023, autoridades locais e representantes do governo federal assinaram um protocolo de intenções marcando o início da transformação da cidade. O projeto previa:

  • Construção de um porto offshore de última geração
  • Desenvolvimento de uma infraestrutura futurística
  • Atração de novas indústrias e empresas para a região
  • Melhora na qualidade de vida dos habitantes locais

Contudo, o investimento sempre foi uma fonte de controvérsias. O valor de R$ 9 trilhões era 120 vezes maior que o PIB do estado da Paraíba e quase equivalente ao PIB brasileiro.

O Que Levou à Investigação?

O projeto logo se envolveu em suspeitas de irregularidades. O Ministério Público da Paraíba iniciou investigações que revelaram vários problemas. Entre as principais suspeitas estavam:

  1. A possibilidade da obra ser uma cópia de um projeto dinamarquês para Shenzhen
  2. A inexistência da empresa Brasil CRT como entidade oficial na China
  3. Falta de clareza sobre a obtenção dos recursos
  4. Ausência de informações organizacionais acessíveis ao público

A promotora Ellen Veras Ximenes solicitou à Prefeitura de Mataraca um relatório detalhado de intenções e outros documentos firmados com o grupo chinês. Estas investigações reforçaram as dúvidas e lançaram uma sombra sobre a viabilidade e a autenticidade do projeto.

O Cancelamento do Projeto

Com as suspeitas crescendo, o grupo chinês decidiu cancelar o projeto em Mataraca. Jianing Chen, um representante do grupo, se recusou a fornecer detalhes sobre os consórcios envolvidos durante uma entrevista, o que apenas aumentou as desconfianças.

O cancelamento desse investimento representa não apenas uma perda para a cidade de Mataraca, mas também uma lição importante sobre a importância da transparência e da due diligence em projetos de grande escala. O caso de Mataraca serve como um alerta para outras pequenas cidades que possam ser alvo de investimentos significativos: a importância de uma investigação cuidadosa e detalhada não pode ser subestimada.

O Futuro de Mataraca

Embora o cancelamento do projeto seja um golpe, Mataraca ainda possui um potencial significativo. Com sua economia diversificada e potencial turístico, a cidade pode continuar a crescer e a se desenvolver de forma sustentável, focando em investimentos sólidos e transparentes.

Com o fim do projeto Brasil CRT, Mataraca deve redobrar seus esforços para atrair investimentos reais e genuínos que possam trazer benefícios tangíveis para seus moradores. Transparência, planejamento cuidadoso e um foco nas necessidades locais podem pavimentar o caminho para um futuro próspero e sustentável.

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