A AgroGalaxy, uma das maiores redes de insumos agrícolas do Brasil, tentou mascarar em seu pedido de recuperação judicial que a gota d’água que levou ao processo partiu do Banco ABC.
Entre os dias 11 e 12 de setembro, o banco se apropriou de R$ 36 milhões que estavam em contas vinculadas, ligadas ao fluxo de recebíveis da empresa. A retirada, feita sem o consentimento da AgroGalaxy, foi usada para reduzir a exposição do Banco ABC às dívidas da companhia, movimento conhecido como “quebra de travas bancárias”.
A companhia possui uma dívida total que chega a R$ 4,7 bilhões.
Momento crítico
Esse ato, feito antes do ajuizamento da recuperação, teria levado a AgroGalaxy a buscar proteção judicial. A empresa diz que a atitude do banco foi ilegal e o notificou extrajudicialmente.
Abaixo, trechos da petição inicial de recuperação judicial.
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R$ 800 milhões captados com CRAs
No pedido de recuperação, a AgroGalaxy destacou que a ação do Banco ABC precipitou a necessidade do processo, em um momento crítico para a companhia, que não conseguiu efetuar o pagamento de uma parcela de R$ 70 milhões de um CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) de R$ 500 milhões.
Entre 2022 e 2023, a empresa emitiu mais de R$ 800 milhões em CRAs.
Essa estratégia agressiva de credores, que usam garantias fiduciárias para se apropriar de recursos, é questionada pela empresa pela Lei de Recuperação Judicial, que visa preservar a continuidade das empresas.
O Monitor do Mercado seguirá acompanhando os desdobramentos dessa revelação, que tende a gerar uma longa batalha judicial entre a empresa e a instituição financeira.
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