Uma série de explosões de pagers (equipamentos eletrônicos) usados por integrantes do Hezbollah matou pelo menos nove pessoas e deixou, no mínimo, 2.750 feridos, nessa terça-feira (17), segundo o Governo do Líbano. Autoridades locais acusam Israel de orquestrar a ação. Tel Aviv, inimiga do grupo fundamentalista, não havia se manifestado.
Testemunhas disseram que as explosões ocorreram quase ao mesmo tempo, às 15h45 no horário local (9h45 em Brasília). Depois de 30 minutos, novas detonações teriam sido registradas. Os pagers (que no Brasil ficaram conhecidos como “bipes”) teriam sido adquiridos pelo Hezbollah nos últimos meses e as circunstâncias do caso não estão claras.
Pelo menos 2.750 pessoas ficaram feridas em várias cidades, afirmou o ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad. Aproximadamente 200 foram hospitalizadas em estado grave. Explosões de dispositivos teriam ocorrido também em regiões da Síria, de acordo com a agência iraniana Tasnim.
Em comunicado, o Hezbollah disse que os equipamentos pertenciam a “trabalhadores em várias unidades e instituições do grupo”. Das milhares de pessoas feridas, centenas seriam integrantes da organização. A agência de notícias Mehr, do Irã, divulgou que o embaixador do país no Líbano, Mojtaba Amani, foi ferido em uma das explosões. A informação não pôde ser verificada de forma independente.
Câmeras de segurança registraram explosões em espaços públicos, incluindo nas ruas e em mercados. Algumas das pessoas atingidas não manuseavam os dispositivos no momento da detonação. Um jornalista da agência Reuters testemunhou o deslocamento de ambulâncias em subúrbios ao sul de Beirute, Capital libanesa, em meio a pânico generalizado. Em um dos hospitais da região, várias pessoas gritavam de dor e tinham as mãos ensanguentadas.
Na cidade de Nabatieh, uma unidade médica tinha recebido pelo menos 40 feridos, de acordo com Hassan Wazni, um dos diretores do local. O centro de operações de crise do Líbano, que é administrado pelo Ministério da Saúde, convocou todos os funcionários aos hospitais para que ajudassem a lidar com o número grande de feridos.
Além das mãos, as explosões causaram ferimentos nos olhos e nas pernas. Também provocaram amputações, segundo médicos que fizeram os atendimentos às vítimas. Vários grupos de pessoas se aglomeraram na entrada de hospitais para checar se os familiares estavam entre os feridos.
O Hezbollah disse que uma menina, que seria filha de um dos integrantes do grupo, morreu. “Afirmamos que a resistência [forma como o Hezbollah usa para se referir a si mesmo], em todos os seus níveis e várias unidades, está no mais alto nível de prontidão para defender o Líbano e o seu povo firme”, afirmou em nota. “As agências competentes do Hezbollah estão fazendo ampla investigação científica e de segurança para determinar as causas que levaram às explosões.”
Uma autoridade do grupo fundamentalista admitiu à Agência Reuters, sob a condição de anonimato, que a detonação dos equipamentos foi a maior falha de segurança da organização desde o começo da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro passado. O conflito aumentou a tensão em todo o Oriente Médio.
Baseado no Líbano, o Hezbollah é aliado do Hamas e, desde o começo do conflito na Faixa de Gaza, tem atuado em conflitos quase diários com as forças de Israel em regiões próximas da fronteira. As tensões aumentaram em julho, após a morte do comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, em ataque de Israel que atingiu um edifício em Beirute.
No último dia 25, a organização fundamentalista disse ter iniciado a primeira fase da resposta com disparos de centenas de foguetes contra o território israelense. As forças de Tel Aviv (Israel) bombardearam o sul do Líbano com mais de 100 aviões.
Na segunda-feira (16), autoridades de Israel disseram que estavam considerando intensificar a campanha militar contra o Hezbollah, grupo financiado pelo regime do Irã. As informações estão atualizadas até o fechamento desta edição.
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