
País está coberto por fumaça de queimadas e a fuligem da atmosfera afeta as chuvas. Previsão é de que com chuva, haja trégua na fumaça, mas especialistas dizem que é momentâneo. Cidades do oeste e sudoeste do Paraná registram ‘chuva preta’
Depois de muitos dias consecutivos sem chuva, o Centro-Sul do país deve ter uma trégua com a chegada de uma frente fria. No entanto, com as incessantes queimadas pelo país, a expectativa é que a chuva seja preta.
O que é a chuva preta?
A pesquisadora do instituto que monitora a fumaça, Karla Longo, explica que o fogo consome a matéria orgânica (árvores, plantas) e, na queima, são liberados vários gases como dióxido de carbono, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e outros compostos.
Essa camada cinza que estamos vendo são partículas, restos do que está queimando. A gente vê porque é uma quantidade grande, mas são muito pequenas e, por isso, ficam suspensas na atmosfera. Nesse ponto, elas se misturam à formação de nuvens e a chuva desce com esses restos.
Ou seja, a chuva é, basicamente, uma chuva de fuligem.
Formação da chuva preta
Bruna Azevedo/Luisa Rivas/Juan Silva/Arte g1
A chuva preta pode ser ácida?
Segundo Karla Longo, a chuva preta não necessariamente é ácida. Isso porque a fuligem sozinha não alteraria a acidez da água. “O que estamos vendo nessa chuva preta é fuligem, partículas de matéria orgânica queimada. Isso não a torna ácida por si só”, explica.
“Os dióxidos de enxofre (SO2) e de nitrogênio (NO2) são poluentes que encontramos principalmente perto dos grandes centros. Eles, em contato com a água, ficam ácidos. Dependendo da quantidade dessas substâncias, a gente poderia ter uma chuva preta e ácida”, explica.
No entanto, ainda não dá para saber, exatamente, se a quantidade que há sobre as cidades onde pode ocorrer a chuva ácida pode mudar o PH da água. Isso porque a chuva deve ocorrer ao longo do fim de semana, até segunda-feira (16), o que pode alterar as concentrações.
Balde com água escura após ‘chuva preta’ no Sul do RS
Izaura Plantikow/Débora Rodrigues/Carol Vianna
A chuva preta pode ser prejudicial à saúde?
A chuva escurecida pela fumaça não é prejudicial à saúde, segundo os especialistas, no contato com a pele, por exemplo. Isso porque é uma chuva contaminada, mas não necessariamente tóxica.
O professor de Engenharia Hídrica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Gilberto Collares, explica que, neste caso, a chuva está sendo causada por queima de matéria orgânica: árvores, folhas. Por isso, o risco é menor.
Ele explica que, se as partículas tivessem vindo de resíduos industriais tóxicos, a situação seria diferente.
“Se, além desses componentes, houvesse resíduos industriais de potencial tóxico, ocorreria o que se chama de chuva ácida, potencialmente muito mais perigoso”, explica.
ATENÇÃO: Para pessoas que fazem coleta da água da chuva para uso doméstico, a recomendação é não usar para beber, cozinhar ou em contato com a pele de forma excessiva.
Chuva pode ser trégua após mais de 100 dias
De acordo com os dados do Cemaden, por causa da estiagem severa, há várias cidades pelo país sem registro de chuva em mais de 120 dias. (Veja o mapa abaixo)
No caso dos estados em que está prevista a passagem da frente fria, como São Paulo e Mato Grosso do ,ul por exemplo, o a maior parte do estado não vê chuva há pelo menos 90 dias.
Segundo os meteorologistas, apesar da frente fria, ela não deve ser intensa e permanece em ação no país até quarta-feira (18).
Cidades sem chuva no Brasil
Arte/g1