Consórcio como alternativa às mudanças do Plano Safra

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$ 164,4 bilhões em 2024, consolidando o segundo maior valor da série histórica.

O montante correspondeu a 49% das exportações totais do país, refletindo a resiliência do setor mesmo diante da retração dos preços internacionais de algumas das principais commodities.

Para este ano, as perspectivas de recordes de safra e de produção de diversos produtos do agro, aliadas à manutenção do esforço para abertura e ampliação de mercados, apontam para grandes volumes e valores.

Diante da magnitude destes números, fica evidente que o desenvolvimento do agronegócio depende diretamente dos programas de incentivo do Governo Federal, e que o acesso a subsídios por iniciativas como o Plano Safra, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que oferece linhas de créditos aos produtores rurais, é fundamental para manter o setor aquecido.

Conforme um levantamento feito junto ao Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor/BCB) do Banco Central, o valor desembolsado na edição 2024/2025 do plano, em vigor desde 1º de julho de 2024, atingiu R$ 245,57 bilhões até o final de fevereiro.

O montante, que já correspondia a 51,53% do total disponível para a safra, de R$ 476,59 bilhões, foi usado para financiar pequenos, médios e grandes produtores rurais, e estava 19,57% abaixo dos R$ 305,31 bilhões desembolsados em igual período da safra 2023/2024.

Em virtude das recentes discussões sobre a suspensão do financiamento de novos contratos e da Medida Provisória (MP) publicada pelo Governo Federal em fevereiro, que liberou R$ 4 bilhões em crédito extraordinário para recompor as linhas do Plano Safra 2024/2025, o consórcio se apresenta como uma alternativa viável para os produtores do agronegócio, principalmente neste momento de dificuldade de acesso ao crédito.

De forma planejada, a modalidade vai além da aquisição de máquinas e implementos, oferecendo oportunidades para a compra de bens e serviços relativos ao agronegócio, o que impacta positivamente na produção e lucratividade.

Com o consórcio de imóveis, por exemplo, o crédito pode ser utilizado para a aquisição de imóveis rurais, construção de galpões, silos e outras instalações nas propriedades.

Por meio do produto também é possível adquirir veículos pesados para escoamento das safras ou mesmo investir na aquisição de drones, equipamentos de segurança e de geração de energia.

Há ainda os que aderem à modalidade para a compra de aeronaves, especialmente voltadas ao manejo da lavoura, para a aplicação de fertilizantes, sementes, combate às pragas e incêndios.

Para se ter uma ideia do impacto dos consórcios no setor, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC), a expectativa é que o segmento de veículos pesados tenha, em 2025, um crescimento de aproximadamente 10%, sendo que um terço dos números registrados neste setor já vem do agro.

Com isso, fica evidente que aliar o consórcio ao agronegócio traz uma alternativa capaz de potencializar ainda mais o mercado.

Isso porque, o produto permite a aquisição de bens e serviços a custos mais baixos, com parcelas isentas de juros, reduzidas e planejadas conforme o montante de crédito contratado.

Trata-se de uma opção vantajosa para produtores de todos os portes, uma vez que a modalidade tem como principal atributo a compra programada, permitindo a organização de um planejamento financeiro.

*Guilherme Carrasco é vice-presidente executivo da Ademicon, economista com MBA em Finanças pela Universidade Federal do Paraná. Possui ampla experiência no mercado financeiro e de capitais, com passagens por Itaú Unibanco, Aqua Capital e Positivo Tecnologia.

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