As exportações da China registraram forte crescimento em março de 2025, impulsionadas por uma corrida dos exportadores chineses para antecipar remessas antes da entrada em vigor das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos. De acordo com dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (14), as exportações subiram 12,4% em relação ao mesmo período de 2024 — o maior salto em cinco meses e muito acima da projeção de 4,4% feita por analistas consultados pela Reuters.
Alta nas exportações da China antecipa impactos das tarifas
Especialistas alertam que esse desempenho pode ser apenas temporário. O aumento das exportações da China é atribuído, em grande parte, ao esforço das empresas para acelerar os embarques antes das tarifas de até 145% impostas pela administração Trump. “O crescimento em março representa um último impulso antes da nova rodada de tarifas. Esperamos queda nos próximos meses”, comentou Julian Evans-Pritchard, economista da Capital Economics.
Enquanto as exportações avançaram, as importações da China caíram 4,3% em março. Destaque para a queda expressiva de 36,8% nas compras de soja, possivelmente já impactadas pelas tensões comerciais com os EUA. Também houve retração nas importações de minério de ferro, carvão e cobre, evidenciando fragilidade na demanda doméstica.
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Exportações da China sob risco com escalada tarifária
A guerra comercial entre EUA e China voltou a se intensificar com força em abril. O presidente Donald Trump elevou as tarifas sobre produtos chineses em mais 10% — totalizando 145% de imposto sobre importações. Em retaliação, Pequim respondeu com tarifas de 125% sobre bens norte-americanos.
Apesar disso, as exportações da China surpreenderam positivamente, gerando um superávit comercial de US$ 102,6 bilhões. Somente no primeiro trimestre, o superávit com os EUA somou US$ 76,6 bilhões, maior do que no mesmo período de 2024, reforçando as críticas de Trump e sua política de reequilíbrio comercial.
Mesmo com esse resultado pontual, casas como Goldman Sachs e Citi já rebaixaram suas projeções para o crescimento do PIB chinês em 2025. O Goldman agora espera alta de 4%, enquanto o Citi trabalha com 4,2% — ambos abaixo da meta do governo de “cerca de 5%”.
Estratégias para sustentar as exportações da China
Diante do cenário adverso, o governo chinês e empresas exportadoras têm buscado alternativas para manter as exportações da China competitivas. Algumas estratégias incluem a realocação de linhas de produção para países do sudeste asiático e o fortalecimento do consumo interno. Segundo Lynn Song, economista do ING, os dados de abril devem revelar o verdadeiro impacto das tarifas: “Produtos mais sensíveis ao preço serão os primeiros a sentir os efeitos.”
Xi Jinping, presidente da China, tem intensificado o diálogo com países da Ásia para ampliar parcerias comerciais e reduzir a dependência dos EUA. Na sexta-feira (11), Xi declarou que “a China e a União Europeia devem se opor conjuntamente ao protecionismo e à intimidação econômica”, durante encontro com o primeiro-ministro da Espanha.
Mesmo com esse esforço diplomático, analistas alertam que as exportações da China enfrentarão fortes obstáculos nos próximos trimestres. A Organização Mundial do Comércio (OMC) estima que a continuidade da guerra comercial pode reduzir em até 80% o volume de comércio bilateral entre os dois países, com impacto direto no crescimento global.
Crescimento é visto como antecipação estratégica
Com esse pano de fundo, o crescimento de março é visto como uma antecipação estratégica das empresas chinesas — um movimento reativo que dificilmente se manterá. A tendência, segundo economistas, é de queda nas exportações nos próximos relatórios, caso a escalada tarifária persista.
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As exportações da China foram, por ora, o único componente resiliente em uma economia ainda marcada por crise imobiliária, inflação baixa e desconfiança dos consumidores. As autoridades monetárias já indicaram que novas medidas de estímulo estão em estudo para sustentar a atividade nos próximos meses.
Em resumo, o avanço das exportações da China em março representa mais uma reação de curto prazo ao ambiente externo conturbado do que um sinal de recuperação estrutural. A próxima leitura, prevista para maio, poderá confirmar a tendência de desaceleração em meio ao novo regime tarifário global.
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