Se você acompanha o mercado de commodities, sabe que o primeiro trimestre do ano costuma ser um período de ajustes e realinhamentos. Mas o 1T25 chegou com uma dose extra de desafios para o setor de mineração e siderurgia. E não estamos falando apenas de fatores isolados: a estimativa de resultados do 1T25 traz uma visão mais cautelosa, diante da combinação de pressões cambiais, tensões comerciais globais e oscilações de commodities.
Um trimestre de reversão
De acordo com o relatório do BTG Pactual, a estimativa de resultados do 1T25 é fraca. As dinâmicas positivas observadas no 4T24 se dissiparam rapidamente. O real se valorizou 7% no trimestre, o que por si só já foi suficiente para pressionar a receita líquida das empresas exportadoras. Para muitos players, essa mudança cambial reverteu ganhos anteriores, exigindo revisão de estratégias e expectativas.
Baixe o Guia do IR 2025 e declare seus investimentos sem erro!
As commodities tentam salvar o jogo
Apesar da pressão cambial, alguns alívios vieram dos preços das commodities. O minério de ferro, por exemplo, manteve-se resiliente, com preço médio de US$ 104 por tonelada. A celulose, por sua vez, surpreendeu com uma alta no início do ano, favorecida por um ambiente de curto prazo mais equilibrado entre oferta e demanda. Alumínio, ouro e cobre também tiveram um momento positivo.
Entretanto, os preços do aço continuaram fracos, especialmente na China, onde seguem bem dentro da curva de custo, dificultando a rentabilidade do setor e provocando perdas sustentadas.
Panorama macroeconômico segue desafiador
Na visão dos analistas, o ambiente geral para as commodities continua delicado. Além das incertezas tradicionais, a escalada da guerra comercial global tem alimentado a instabilidade. O conflito tarifário entre Estados Unidos e China afeta diretamente a demanda global, enquanto o excesso de oferta e a falta de gatilhos de curto prazo mantêm o mercado apreensivo.
Nesse contexto, a preferência segue para o setor de celulose, que parece mais bem posicionado tanto em termos de preço quanto de fundamentos. As empresas continuam gerando bom fluxo de caixa e exibem lucros consistentes.
Os destaques do trimestre
A estimativa de resultados do 1T25 mostra que, mesmo em meio à turbulência, alguns nomes podem surpreender. A Usiminas, por exemplo, é apontada como o destaque positivo, com previsão de crescimento de 11% t/t, impulsionado por reduções de custo em Ipatinga. A CBA também entra no radar por manter uma trajetória positiva de desalavancagem, com dívida líquida/EBITDA estimada em 2x (versus 2,8x no 4T24).
Entre as gigantes, a Vale tende a mostrar resultados pressionados: EBITDA com queda de 23% t/t, receita 17% menor e lucro líquido projetado em US$ 2,2 bilhões. A Gerdau deve apresentar estabilidade de receita, mas margem EBITDA menor no Brasil e nos Estados Unidos.
Principais projeções do 1T25
Empresa | Receita Líquida | EBITDA | Lucro Líquido | Variação T/T |
---|---|---|---|---|
Vale | US$ 8,359 mi | US$ 3,160 mi | US$ 2,222 mi | -17% (Receita) |
Usiminas | R$ 6,733 mi | R$ 573 mi | R$ 200 mi | +11% (EBITDA) |
Gerdau | R$ 17,036 mi | R$ 2,249 mi | R$ 419 mi | -6% (EBITDA) |
CBA | R$ 2,285 mi | R$ 401 mi | R$ 479 mi | -17% (EBITDA) |
Suzano | R$ 11,793 mi | R$ 5,717 mi | R$ 6,190 mi | -12% (EBITDA) |
Declarações de risco: atenção redobrada
Além da estimativa de resultados do 1T25, o relatório também chama a atenção para os riscos que rondam os setores de mineração, siderurgia e papel e celulose. Entre os principais fatores de atenção estão:
- Risco cambial e instabilidade econômica local;
- Flutuações nos preços internacionais de commodities;
- Dependência da demanda chinesa por minério de ferro;
- Excesso de oferta global de aço;
- Aumento de capacidade produtiva em celulose;
- Desequilíbrio entre oferta e demanda que pressiona os preços.
Esses elementos criam um cenário mais complexo para os investidores, exigindo ainda mais diligência na análise de cada empresa antes de decidir por uma alocação.
Baixe agora a carteira de FIIs recomendada para março!
Um trimestre para observar com atenção
A estimativa de resultados do 1T25 reforça o sentimento de cautela com o setor de mineração e siderurgia. Ainda que alguns ativos mostrem resiliência, o ambiente macroeconômico global, somado à pressão cambial e à instabilidade nos preços do aço, indica um caminho incerto pela frente.
Para os investidores, o recado é claro: foco em fundamentos, seleção criteriosa de ativos e paciência com o setor. Os próximos trimestres serão decisivos para definir quem consegue navegar melhor em meio à tempestade.
The post Estimativa de resultados do 1T25: destaques e projeções para mineração e siderurgia appeared first on Entre Altas e Baixas.