A vida, com sua constante renovação, nos oferece diariamente oportunidades de evolução — seja no âmbito profissional, nas relações pessoais ou na construção de uma sociedade mais justa e harmônica. A cada amanhecer, somos agraciados por encontros com pessoas que, com sabedoria e sensibilidade, dedicam-se a semear conhecimento, humanidade e paz no mundo. Esses indivíduos iluminam caminhos, muitas vezes invisíveis, e trabalham silenciosamente para tornar o planeta um lugar mais acolhedor.
Contudo, esse cenário positivo encontra resistência em uma realidade sombria que vem ganhando espaço: o avanço do discurso de ódio, da intolerância e da desinformação. Esse movimento, enraizado na ignorância e amplificado pelas redes sociais, tem seduzido multidões com promessas ilusórias, travestidas de patriotismo e fé religiosa. Frases de efeito como “Deus, Pátria e Família” — resgatadas de regimes autoritários do século passado — são hoje utilizadas como escudo para ideias e práticas que, na essência, negam os próprios valores que dizem defender.
Até pouco tempo atrás, o Brasil convivia com a polaridade ideológica entre direita e esquerda dentro dos limites democráticos. Esse cenário, embora por vezes tenso, era sustentado pelo respeito à pluralidade e ao direito de expressão. No entanto, a eleição de um representante da extrema direita em 2018 marcou uma ruptura nesse pacto civilizatório. O país mergulhou em um processo de radicalização, que ameaçou instituições, dividiu famílias e colocou em xeque conquistas históricas da democracia.
A estratégia adotada foi clara: criar inimigos internos, desacreditar o sistema judiciário e incitar o descrédito das urnas. A mais recente ameaça veio à tona com a intenção declarada de extinguir o Supremo Tribunal Federal, sob a justificativa de combater uma suposta “Ditadura da Toga”. Tal narrativa ignora o básico: em uma verdadeira ditadura, manifestações públicas contra o poder jamais seriam toleradas — e seus protagonistas, muito provavelmente, seriam silenciados à força.
O preocupante é que esse fenômeno não é exclusivo do Brasil. Em diversas partes do mundo, líderes com perfil autoritário têm ascendido ao poder, impulsionados por um populismo que se apoia na desinformação e no medo. A eleição de figuras desequilibradas em potências como os Estados Unidos demonstra que o risco é global. A instabilidade provocada por decisões unilaterais já ameaça a economia mundial, reacendendo tensões diplomáticas e fragilizando acordos históricos de paz e cooperação.
Apesar desse contexto, há motivos para esperança. O Brasil, atualmente, é governado por uma liderança que aposta no diálogo, na reconstrução democrática e nas boas relações internacionais — valores fundamentais para garantir estabilidade e desenvolvimento sustentável. Em tempos de extremismos, a moderação e o compromisso com a paz são atitudes revolucionárias.
A encruzilhada que enfrentamos exige responsabilidade coletiva. É hora de reforçar a importância da educação, do respeito à diversidade e da defesa intransigente da democracia. Só assim será possível construir um futuro em que a luz da convivência harmoniosa supere as sombras do autoritarismo.
EDMAR XIMENES
GEÓLOGO
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