
O lobo terrível (Canis dirus) , conhecido por sua inspiração para os lobos gigantes da série Game of Thrones e no brasão da Casa Stark, voltou a caminhar sobre a terra — e até a uivar — após cerca de 10 mil anos de extinção.
Mas não estamos falando de animais dos Caminhantes Brancos e sim de uma façanha anunciada pela empresa de engenharia genética Colossal Biosciences, que revelou ter recriado com sucesso uma versão muito próxima do animal pré-histórico.
Segundo uma reportagem divulgada pela The Hollywood Reporter, o processo envolveu a extração de DNA de dois fósseis e 20 modificações no código genético de um lobo cinzento, espécie viva mais próxima do lobo terrível, segundo a empresa, também conhecida como “Companhia da Desextinção”.
Utilizando a tecnologia CRISPR – técnica de edição genética que permite modificar o DNA de organismos –, a Colossal gerou três lobos terríveis com pelagem branca — característica definida a partir de uma nova análise genética que aponta que a espécie original possuía cor de neve.
De acordo com a The Hollywood, dois filhotes machos, com cerca de seis meses, foram batizados de Romulus e Remus, em referência aos gêmeos mitológicos que fundaram Roma e que teriam sido criados por um lobo. A fêmea foi nomeada Khaleesi, em homenagem à personagem Daenerys Targaryen da série Game of Thrones.
O trio vive atualmente em uma reserva, em local não revelado. A expectativa é que, na fase adulta, eles pesem entre 60 e 68 quilos— bem mais do que os lobos cinzentos comuns, que pesam entre 36 e 45 quilos.
Assumindo o trono de ferro
A revelação teve uma colaboração digna de Hollywood. O cineasta Peter Jackson e o autor George R.R. Martin, criador de Game of Thrones, participaram da apresentação dos animais. Jackson, que investe na Colossal, emprestou o Trono de Ferro oficial da série — um item de quase 150 quilos usado em campanhas promocionais da série.
O trono havia sido vendido em 2023 por US$ 1,49 milhão (mais de R$ 8 milhões na cotação atual) a um comprador anônimo, até então não revelado.
Romulus e Remus foram levados até Dallas, no Texas, para uma sessão de fotos posando sobre o simbólico trono fictício.
Já Martin, além de investidor, atua como consultor cultural da Colossal e chegou a visitar os lobos pessoalmente na reserva, certificada pela American Humane Society. Em nota, o autor declarou: “Muitas pessoas veem os lobos terríveis como criaturas míticas, mas, na realidade, eles têm uma rica história de contribuição para o ecossistema americano”, disse a The Hollywood.
Apesar da fama como criatura lendária entre os fãs de Game of Thrones, os lobos terríveis existiram de fato nas Américas e provavelmente desapareceram com a extinção de grandes herbívoros dos quais se alimentavam. No sítio arqueológico La Brea Tar Pits, em Los Angeles, já foram encontrados restos de mais de 3.600 lobos terríveis, e cerca de 400 crânios estão expostos no museu local.
Além do projeto com os lobos terríveis, a Colossal também clonou duas ninhadas de lobos vermelhos, espécie mais ameaçada do mundo, como parte de sua proposta de alinhar conservação e desextinção. Fundada em 2021, a empresa já anunciou planos de trazer de volta outras espécies extintas, como o mamute lanoso, o tigre-da-Tasmânia e o dodô.
Segundo Ben Lamm, os avanços com o lobo terrível são uma prova de que a tecnologia de desextinção da Colossal funciona.
A Colossal afirma ter realizado o maior número de edições genéticas já feitas em uma espécie viva e pretende restabelecer o lobo terrível como uma espécie viável, com reservas ecológicas em terras indígenas da América do Norte.