Você entendeu as novas “tarifas recíprocas” impostas por Donald Trump? Apesar de receber este nome, na verdade, elas foram utilizadas pelo presidente dos Estados Unidos como arma para equilibrar a balança comercial.
O cálculo divulgado pela Casa Branca mostrou que a taxação não se apoia em nenhuma taxa aplicada por outro país, e sim no volume de importações em relação às exportações americanas. Ou seja, quanto maior o déficit comercial dos EUA, maior será a tarifa.
Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
Nem mesmo os países com os quais os EUA são superavitários, como o Brasil, ficaram de fora. A decisão de Trump, nestes casos, foi apenas de deixar a tarifas menores, estabelecendo a chamada “taxa mínima” de 10%.
Em sua nova coluna na Folha de S.Paulo, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, mostra a real intenção do tarifaço, além de mostrar sua repercussão no mercado financeiro.
China revida e aumenta chance de guerra comercial
Um dia depois das tarifas serem anunciadas, na quinta-feira (3), a China decidiu revidar de forma recíproca, aplicando uma nova taxa de 34% sobre produtos norte-americanos e aumentando as chances de uma possível guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Em entrevista à revista Veja, o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, disse que as tarifas impostas pelos EUA “violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e “abalam a estabilidade das cadeias globais”.
A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
Reação do mercado às tarifas
Após o anúncio, o mercado começou a ruir, com as bolsas de Nova York atingindo as duas maiores quedas diárias desde a pandemia da Covid-19. No Brasil, o caos foi adiado em um dia, com o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechando estável na quinta, mas despencando na sexta-feira (4).
No cenário macroeconômico, as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mundial para este ano foram revistas de 3,5% para 2,5%, segundo a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli. O impacto estimado no Brasil é de uma queda de 0,5 ponto percentual no crescimento.
Brasil pode se beneficiar das tarifas; Lula responde
A FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) disse à Folha que o Brasil poderia ganhar se aproveitasse o embalo para aumentar importações.
Analistas também avaliam que as barreiras impostas pelos Estados Unidos podem incentivar o Brasil a fortalecer relações comerciais com a China e outras economias.
Seu dinheiro escapa e você nem percebe? Baixe grátis a planilha que coloca as finanças no seu controle!
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se pronunciou, dizendo que tomará “todas as medidas cabíveis” contra a decisão de Donald Trump. Segundo ele, o Brasil defenderá suas empresas e trabalhadores com base na lei da reciprocidade econômica e nas diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Mesmo com a menor taxa — um dos sete que receberam a taxação mínima de 10% —, o país briga por conta da imposição de uma tarifa que antes não existia.
Renda fixa chama atenção
Diante de toda incerteza e com a taxa Selic próxima de 15% ao ano, ativos de renda fixa considerados de baixo risco voltam ao centro da preferência dos investidores, segundo Vasconcellos.
Isso porque, em momentos de incerteza, analistas alertam que decisões por impulso podem gerar prejuízo — como comprar ações apenas porque caíram de preço.
Enquanto os outros reagem, você já sabe o que fazer! Assine a newsletter gratuita e fique à frente nos investimentos.
Trump é sinônimo de incerteza
Na sua coluna, o CEO do Monitor explica que Trump é sinônimo de incerteza, citando o livro “Medo: Trump na Casa Branca”, do premiadíssimo Bob Woodward, onde o presidente fala “verdades absolutas” que podem ser desmentidas por ele mesmo horas depois.
A imprevisibilidade de Trump fez o VIX, também conhecido como “índice do medo”, superar os 50 pontos pela terceira vez em sua história, patamar visto apenas na crise do subprime, em 2008, e na pandemia da Covid-19, em 2020.
O post Trump usa tarifas como arma para tentar equilibrar balança comercial apareceu primeiro em Monitor do Mercado.