A guerra comercial global ganhou novos contornos nesta sexta-feira, 4 de abril de 2025, após a China anunciar tarifas adicionais de 34% sobre produtos norte-americanos. Essa medida representa a mais séria escalada no impasse entre as duas maiores economias do mundo desde o início das disputas comerciais. A resposta de Pequim é uma reação direta às recentes ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou as barreiras tarifárias dos EUA ao seu maior patamar em mais de um século.
A retaliação chinesa vai além das tarifas. Pequim também impôs controles sobre exportações de terras raras, apresentou uma queixa formal na Organização Mundial do Comércio (OMC) e adicionou 11 entidades à sua lista de empresas estrangeiras “não confiáveis”. Esse movimento permite à China adotar sanções econômicas contra empresas que, segundo o governo chinês, atentem contra os interesses nacionais — incluindo, nesta leva, companhias envolvidas com a venda de armas para Taiwan.
Reação imediata nos mercados e alerta de recessão global
O efeito dessas medidas foi imediato nos mercados financeiros. Os futuros das ações norte-americanas registraram fortes quedas, sinalizando um dia de perdas em Wall Street. As ações de grandes empresas de tecnologia, como Apple e Nvidia, que dependem fortemente da produção na China e em Taiwan, recuaram no pré-mercado. A nova rodada de tarifas acontece apenas um dia depois que a taxação promovida por Trump apagou impressionantes US$ 2,4 trilhões em valor de mercado na bolsa dos EUA.
O banco de investimentos JPMorgan foi direto em sua análise: aumentou de 40% para 60% a probabilidade de uma recessão global até o fim de 2025. Para os analistas da instituição, o efeito combinado das tarifas equivale ao maior aumento de impostos nos EUA desde a Segunda Guerra Mundial. A elevação dos custos sobre produtos importados funciona como uma espécie de “imposto oculto”, afetando famílias e empresas. O banco calcula que a carga tributária resultante dessas medidas representa 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano.
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Europa, Japão e outros países buscam equilíbrio
O impacto não está restrito ao território americano. Países de todos os continentes estão sendo puxados para o centro da crise. No Japão, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba descreveu a situação como uma “crise nacional”, após as ações do setor bancário caírem significativamente. Na União Europeia, o comissário de comércio Maros Sefcovic pediu cautela, mas garantiu que haverá resposta. Apesar disso, o bloco europeu está dividido. Enquanto França e Alemanha defendem contramedidas mais rígidas, países como Irlanda, Polônia e Itália sugerem uma abordagem mais moderada, para não elevar ainda mais as tensões com os Estados Unidos.
Em solo francês, o presidente Emmanuel Macron assumiu um papel de liderança ao pedir às empresas que congelem investimentos nos EUA. Já o ministro das Finanças da França, Eric Lombard, alertou para os efeitos colaterais de retaliar com tarifas equivalentes, sugerindo que os consumidores europeus poderiam acabar pagando a conta. Ainda assim, confirmou que o governo francês está elaborando um pacote de medidas que vai além de tarifas para pressionar Washington a negociar.
Empresas se ajustam e mercados observam incertezas
A reação dos EUA também tem sido dúbia. Enquanto Trump sustenta que as tarifas “nos dão grande poder de negociação”, o secretário de Estado Marco Rubio afirmou que os mercados estão apenas reagindo a uma nova ordem mundial e que irão se ajustar com o tempo. Segundo Rubio, “as economias não estão em colapso — elas estão respondendo a uma transformação profunda nas regras do jogo do comércio internacional”.
Na prática, no entanto, a resposta do mercado tem sido de preocupação. O temor é que a escalada da guerra comercial gere um efeito dominó sobre cadeias globais de suprimento, aumento da inflação, queda na confiança de empresas e consumidores, e eventual retração do crescimento econômico mundial. Mesmo países como México, Coreia do Sul e Índia, que por ora preferem não adotar medidas retaliatórias, já manifestam preocupação com o ambiente comercial cada vez mais imprevisível.
Outro ponto de tensão gira em torno do papel da China como fornecedora global de terras raras — matérias-primas críticas para a produção de tecnologias avançadas. O controle sobre essas exportações é visto por analistas como um trunfo estratégico de Pequim, com potencial de causar sérios impactos à indústria ocidental, especialmente a dos EUA.
Empresas americanas também estão correndo para ajustar suas operações. A montadora Stellantis anunciou demissões temporárias e o fechamento de fábricas no México e Canadá. Em contrapartida, a General Motors decidiu ampliar sua produção nos Estados Unidos. É um sinal claro de que as corporações estão tentando se antecipar aos novos custos e se adaptar ao novo cenário geopolítico e econômico.
A situação atual é marcada por incertezas. Ainda não se sabe se as tarifas anunciadas serão permanentes ou se fazem parte de uma tática para obter concessões comerciais. De qualquer modo, o impacto imediato já está dado. Os mercados globais enfrentam a maior volatilidade desde a pandemia, e os investidores precisam estar atentos aos desdobramentos.
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O que esperar daqui para frente
A guerra comercial deixou de ser apenas um impasse técnico sobre superávits e déficits. Tornou-se uma disputa estratégica sobre o futuro da ordem econômica mundial. E, neste cenário, a decisão de cada país e o comportamento das maiores economias podem reconfigurar o ambiente global nos próximos anos.
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