PCE dos EUA sobe 0,3% em fevereiro e pressiona política do Fed

A PCE dos EUA — principal indicador de inflação monitorado pelo Federal Reserve — voltou a subir em fevereiro, sinalizando que o combate à alta dos preços nos Estados Unidos ainda está longe do fim. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Bureau of Economic Analysis (BEA), o índice avançou 0,3% no mês, elevando a taxa anualizada para 2,5% — acima da meta de 2% definida pelo banco central norte-americano.

O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, subiu 0,4% no mês e acumulou alta de 2,8% em 12 meses, superando as expectativas do mercado, que esperava 2,6% no período. Essa leitura reforça as incertezas em torno do próximo passo do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), responsável pela política monetária dos EUA.

Por que o PCE dos EUA é tão importante para os mercados?

O PCE (Personal Consumption Expenditures Price Index) é o indicador preferido do Fed para calibrar suas decisões de juros. Mais abrangente que o CPI (Índice de Preços ao Consumidor), ele leva em conta as mudanças nos hábitos de consumo das famílias, o que o torna uma métrica mais ajustada ao comportamento real da economia.

Segundo o economista Greg Daco, da EY-Parthenon, “a persistência da inflação nos núcleos do PCE desafia a tese de desinflação contínua e pode levar o Fed a adiar cortes de juros, mesmo com o enfraquecimento da atividade.”

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Reação do Fed e implicações para a taxa de juros

Na última reunião do FOMC, o Fed optou por manter os juros inalterados na faixa entre 4,25% e 4,50%, mas indicou a possibilidade de dois cortes ainda este ano. No entanto, os novos dados do PCE podem alterar esse cenário.

Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou recentemente que o comitê “precisa de mais evidências de que a inflação caminha de forma sustentável para a meta antes de flexibilizar a política monetária.” Com o PCE dos EUA avançando acima do esperado, o mercado passa a precificar uma maior probabilidade de manutenção da taxa atual por mais tempo.

Impacto nos mercados e nos investimentos

A leitura do PCE influenciou diretamente os ativos globais nesta sexta-feira. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) subiram, refletindo a expectativa de juros elevados por mais tempo. O dólar também se fortaleceu frente a outras moedas, pressionando emergentes.

O Nasdaq operava em queda de 0,7% no pré-market, enquanto o Ibovespa abria o dia no vermelho, impactado pela preocupação com a inflação nos EUA e os desdobramentos da política protecionista do governo Trump.

Riscos adicionais: tarifas e incertezas políticas

Além da inflação em alta, investidores monitoram com atenção o pacote de tarifas anunciado por Donald Trump. O presidente confirmou nesta semana uma tarifa de 25% sobre veículos e autopeças, e sinalizou a aplicação de tarifas recíprocas a países considerados “desleais”, o que pode provocar pressão inflacionária adicional.

Segundo estudo do Peterson Institute for International Economics (PIIE), tarifas generalizadas podem elevar os preços ao consumidor americano em até 1,2 ponto percentual em 12 meses, dependendo da intensidade das medidas.

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O que esperar para os próximos meses?

O próximo encontro do FOMC está marcado para maio, e até lá o mercado continuará acompanhando indicadores de emprego, produção industrial e novas leituras de inflação. A combinação de inflação resiliente, juros elevados e tensões comerciais pode alterar o roteiro otimista traçado por muitos analistas no início do ano.

Para o investidor, o momento exige cautela e atenção redobrada aos desdobramentos da política monetária dos EUA. A PCE dos EUA será, sem dúvida, o termômetro mais acompanhado até lá.

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