
No desespero por crescimento rápido, muitos clubes se rendem a aplicativos de sistemas de gerenciamento como o GymPass — e esse é um erro que pode sair caro. Ao aderir a essas plataformas, os clubes abrem mão da mensalidade integral dos remadores, passando a receber apenas pelas remadas realizadas (check-ins). Mas a controvérsia não para por aí. Essas plataformas chegam a pagar até quatro vezes menos do que o valor médio de uma aula avulsa. Além disso, não remuneram as aulas agendadas em que o aluno não comparece.
E o sistema é falho: mesmo com a aula marcada, o aluno precisa fazer o check-in presencialmente — algo que muitos esquecem. Tentar corrigir esses erros junto à plataforma é um verdadeiro pesadelo, e muitos acabam desistindo.
Enquanto um aluno mensalista paga sua mensalidade integralmente, independente da frequência no início do mês, o aluno do GymPass só gera receita para o clube quando realiza a aula, e o pagamento ocorre cerca de 45 dias depois.
A atração de novos alunos, mas a perda de receita
Não há dúvidas de que sistemas como o GymPass atraem novos remadores para os clubes. Quem adere a essas plataformas percebe um rápido aumento no número de alunos, mas é aí que surge o primeiro e grave problema. Muitos remadores que antes eram mensalistas acabam migrando para esses sistemas, que são vantajosos para os usuários. A questão é que essa migração reduz drasticamente o faturamento do clube. No fim das contas, empresas que gerenciam esses aplicativos podem acabar abocanhando entre 40% e 60% do seu faturamento — e posso provar isso.
Exemplo prático de impacto financeiro
Vamos analisar um clube que cobra uma mensalidade de R$ 235,00 para um remador frequentar duas vezes por semana, totalizando oito aulas em 30 dias. Nesse formato, independentemente da frequência ou faltas, o clube recebe 100% do valor antecipadamente.
Agora, no sistema GymPass, a situação muda completamente. O valor máximo que a plataforma paga por remador é de R$ 200,00, com um valor fixo de R$ 16,67 por check-in no plano Silver+. Essa limitação já representa uma perda de 15% da mensalidade.
Multiplicando o valor do check-in (R$ 16,67) pelas oito aulas mensais, o clube recebe, no máximo, R$ 133,36 pelo mesmo aluno que antes pagava R$ 235,00 antecipadamente. Isso significa uma perda de 43,25% na receita, considerando que o remador compareça a todas as aulas e, claro, não esqueça de realizar o check-in — algo que é um problema recorrente.
No caso desse clube, o ticket médio dos alunos da GymPass não ultrapassa R$ 100 mensais. Isso porque o valor já é descontado pelas faltas, dias de chuva, ou mar agitado que impossibilitam a aula. Ou seja, o clube abriu mão de 57,3% da sua mensalidade para utilizar esse sistema.
A pulverização da receita e o desafio de retenção
E a controvérsia do sistema não para por aí! Vou citar um caso real que presenciei na região da Glória/Flamengo no Rio de Janeiro. Devido à limitação do valor máximo por remador imposta pelo GymPass, muitos alunos acabam dividindo suas remadas entre dois ou até três clubes para conseguir remar mais vezes na semana. O resultado? O faturamento dos clubes é ainda mais pulverizado, tornando a retenção desses alunos um desafio ainda maior. No fim, quem realmente sai ganhando são as plataformas.
No caso mencionado, esse clube recebe cerca de R$ 3.200,00 mensais da GymPass. Isso significa que ele paga para usar esse sistema R$ 1.833,60 mensais ou R$ 22.003,20 anuais. A pergunta que fica é: esse dinheiro não está fazendo falta para o clube?
A armadilha do sistema para clubes de canoa havaiana
O fato é que esse sistema não foi feito para clubes de canoa havaiana! Estamos caindo em uma verdadeira armadilha, pois lidamos com várias limitações, como a quantidade de bancos na canoa, horários restritos para aulas e, ainda, as condições do tempo e do mar — algo bem diferente da realidade de uma academia que funciona de 6h00 às 23h00.
Reflexão final
Agora, vocês realmente acreditam que esses remadores que utilizam essas plataformas deixariam de remar caso não tivéssemos mais esses sistemas?
É apenas uma reflexão, porque todos nós estamos perdendo muito dinheiro! Até quem não utiliza essas plataformas está perdendo.
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O post Aplicativos de gerenciamento para clubes de va’a: vantagem ou cilada? apareceu primeiro em Aloha Spirit Mídia.